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Turistas reclamam de furtos e despreparo da PM em Réveillon do Rio

Atendimento em delegacia de Copacabana também foi criticado

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A festa de Ano Novo terminou em dor de cabeça para centenas de turistas que vieram à cidade aproveitar o Réveillon mais famoso e tradicional do Brasil, em Copacabana. Desde o início da madrugada, as delegacias do bairro ficaram lotadas de vítimas de furto ou roubo durante a virada do ano nas areias da praia de Copacabana. A 12ª Delegacia de Polícia (DP), na Rua Hilário de Gouveia, teve atendimento criticado pelos turistas e o despreparo da Polícia Militar, responsável pela segurança do evento, também foi citado. A ocorrência de arrastões, já frequentes na festa de fim de ano em Copacabana, foi uma das principais reclamações. 

A mineira Joana, que intercala moradia entre Rio e Nova York, veio à cidade para aproveitar a virada do ano no Réveillon de Copacabana, mas acabou tendo a carteira do marido roubada. A turista ainda aponta que todos os anos ocorrem os arrastões nos mesmos locais ao longo da praia, especificamente em frente ao hotel Copacabana Palace. Joana critica a postura dos policiais militares, que, segundo ela, não cumprem seu papel enquanto ocorrem os casos de violência. "Todo ano tem arrastão no Copacabana Palace. Agarraram o braço do meu marido, que já é idoso, e levaram a carteira. Colocam muitos policiais, mas eles ficam batendo papo enquanto o 'pau está comendo'", criticou. Para Joana, os policiais deveriam "circular mais" pela orla durante o evento.

Joana reclamou ainda do atendimento na delegacia. Segundo a mineira, durante todo o dia, apenas uma atendente prestava assistência às vítimas, que tentavam realizar as ocorrências. "Era para ter várias pessoas atendendo. Cheguei aqui, só tinha uma. Estou há mais de 1 hora aguardando e está muito lento. É preciso mais assistentes. Além disso, não tem fila preferencial para idosos e deficientes", reclama. 

Os amigos paulistas William Castro e Amanda Mendonça, que já vieram diversas vezes ao Rio, foram à delegacia prestar ocorrência do furto do celular e documentos de William. Além do roubo, os turistas afirmaram que um amigo colombiano, que também estava de passagem pelo Rio, teve todos os seus pertences e roupas roubadas na madrugada desta quarta-feira (1), durante a virada do ano. O turista ficou inconsciente na praia e acordou apenas de cueca. "Ele, inclusive, foi vítima de violência sexual. Ele virá à delegacia nesta tarde para resolver", contou Amanda.

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O turista britânico David, que veio à cidade para conhecer a festa de ano novo de Copacabana, teve a bolsa que carregava durante o evento roubada por um assaltante. David afirma que a ação foi rápida, e que não soube identificar a arma que o assaltante portava. "Não consegui ver se era uma arma ou uma faca, foi muito rápido. Aconteceu atrás do palco do show, depois da virada do ano", lamentou. 

Além do roubo, o turista ainda teve de enfrentar o atendimento precário na delegacia durante a tarde desta quarta-feira. David, após enfrentar uma espera de mais de 1 hora, reclamou da presença de apenas uma atendente para a realização das ocorrências. "Todo ano isso acontece. Em época de festas, é preciso colocar mais pessoas trabalhando aqui. Se todo ano isso acontece, por que não preparar melhor?", questiona.

A carioca Leila Cardoso, que mora na Alemanha e trouxe o marido para conhecer a maior festa de Ano Novo do Brasil, também teve um celular furtado durante o show na praia de Copacabana. "O celular estava no bolso, mas no meio da multidão, com todo mundo apertado, meu marido nem viu levarem o telefone".

Com o turista Fábio de Melo, que veio de Minas Gerais para o Rio, não foi diferente. O mineiro afirma que, quando foi conferir os pertences, viu que a maioria tinha sido levada. "Estávamos eu e minha família assistindo ao show do Lulu Santos, e quando vi, estava sem a câmera e carteira. Levaram todos os documentos e dinheiro", lamenta. Fábio, assim como outros turistas, criticou o serviço prestado na delegacia. "Ontem eu tentei [prestar ocorrência], mas estava lotada e pediram para eu retornar hoje. Mas continua lotada. A lentidão do atendimento é um problema e é tudo meio tumultuado. Cheguei às 15h30, já são 17h30 e ainda não falei com ninguém".

Já o carioca Cid Castro, morador de Portugal há mais de 20 anos, foi vítima de um arrastão em frente ao hotel Leme Palace, e teve o iPhone da filha roubado. Segundo Cid, o grupo de ladrões ainda tentou voltar para assaltar outra menina, mas não conseguiu levar nada. 

Até o fechamento da matéria, a Polícia Civil não havia divulgado o balanço das ocorrências de furtos e roubos na noite de Ano Novo. Em nota da assessoria, a instituição informou que o levantamento "será divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão responsável pela divulgação de dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública do Rio".

Tiroteio na Av. Nossa Senhora de Copacabana

Além dos casos de furtos e assaltos, um tiroteio também ocorreu na noite de Réveillon em Copacabana. Os disparos aconteceram quando policiais tentaram evitar a agressão de um marido contra sua mulher, na esquina da Rua República do Peru com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. O suposto agressor foi identificado como Adilson Rufino da Silva, de 34 anos. De acordo com a Polícia Militar, Adilson roubou a arma de um soldado e teria atirado contra os policiais militares. 

Doze pessoas ficaram feridas, incluindo Adilson, que permanece internado no Hospital Miguel Couto, no Leblon, e seu estado é estável, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). No hospital, Adilson está mantido sob custódia da 12ª Delegacia de Polícia, em Copacabana, e foi autuado por violência contra a mulher e tentativa de homicídio. Segundo a esposa do agressor, Rosilene de Azevedo, de 37 anos, Adilson teve um ataque de ciúmes e a enforcou, quando o grupo de policiais fez a abordagem.

Entre os doze feridos estão o comandante do 19º BPM (Copacabana) tenente-coronel Ronal Langres Santana, um sargento de folga lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGP) e um guarda municipal. O comandante foi liberado e o sargento segue internado, com estado estabilizado. Segundo a SMS, a maioria das vítimas já foi liberada.

Quatro das 12 pessoas baleadas permaneciam internados na noite desta quarta (1°), entre elas uma menina de sete anos, baleada no tórax, que passou por uma cirurgia.

Para ajudar nas investigações, a Polícia Civil já ouviu oito policiais militares envolvidos no tiroteio ocorrido na noite desta terça-feira (31). Além de ouvir os policiais, a Polícia Civil apreendeu as armas, que já foram encaminhadas para perícia. As vítimas também devem ser ouvidas pela delegacia, que tentará recuperar as imagens das câmeras de segurança da região.

*Do programa de estágio do Jornal do Brasil