Quem não conhece o histórico de nossos políticos deve até considerar uma honra a frequência com que o vice governador Pezão vem na Rocinha. Afinal, qual comunidade recebe o Vice várias vezes em um único mês? E qual morador de favela tem o privilégio de encontrá-lo passeando na feira de domingo?
Tivemos que ir às ruas em junho para levar nossas reivindicações e mostrar nossa força, porque não éramos e não somos ouvidos. Enviamos e-mails e cartas aos nosso governantes e não somos atendidos. Quantas vezes precisamos que o governador ou seu vice estivessem presentes na comunidade para atenderem as nossas demandas e não fomos sequer respondidos.
Agora, data que se aproxima das eleições estamos recebendo o Pezão a todo momento, será de onde veio todo esse apreço por essa comunidade, já que ele até alguns meses não tinha o habito de nos visitar com tanta frequência. Só em uma semana ele esteve duas vezes para inaugurar quadras, função que é sempre realizada por secretários e não é sempre que tem a ilustre presença do vice governador com tanta frequência.
Nada impede que ele como vice governador compareça à comunidade para inaugurar as obras, mas não queremos essa presença apenas para brilhar e cortar a fita da inauguração e receber aplauso, mérito e brilho. Queremos a presença dele para resolver nossos problemas, solucionar as nossas causas e ouvir nossas reclamações.
Já que estamos em clima de visitas, vamos aproveitar e deixar o convite ao Vice para ver q situação da Roupa Suja e dos becos, ou que tal passear pelas diversas valas abertas na favela, ou tomar um café nos barracos na Macega para ver como grande parte dos moradores vivem?
*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.