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Violência no Rio é destaque no New York Times

Enquanto governo gasta com publicidade na mídia

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Após a onda de violência que atingiu o Rio de Janeiro no fim de semana, relatados por moradores das comunidades pacificadas sobre confrontos entre policiais e traficantes nestas áreas, a cidade foi destaque em veículos de comunicação de grande circulação do Brasil e do exterior. O governo do Rio gastou uma fortuna em publicidade de página inteira em jornal carioca, homenageando os 450 anos da cidade, mas esqueceu de garantir a publicidade no exterior, até porque só acredita no seu discurso quem teve anúncio pago pelos cofres públicos.  

Os contantes tiroteios em comunidades do Rio de Janeiro estampou a capa da edição eletrônica do jornal americano New York Times nesta segunda-feira (23/12). A reportagem do Times afirma que os confrontos estão crescendo pelas ruas da cidade e os traficantes intensificando o seu comércio "nos labirintos das favelas". Destaca depoimentos de moradores da Rocinha, comentando as táticas "brutais" da polícia, que recentemente estive envolvida no caso do pedreiro Amarildo.    

Segundo o Times, moradores de várias favelas do Rio, inclusive da Rocinha, estão alugando as suas casas para turistas de todo o mundo, que vão chegar à cidade para a Copa do Mundo da Fifa, em 2014. A alternativa tornou-se viável com a escassez de quartos nos melhores hotéis, que já estão com a sua cota esgotada para o período dos jogos mundiais. Nem nos "modestos albergues" os turistas estão conseguindo fazer reserva, segundo o jornal americano, que ainda informa que os hotéis mais baratos estão cobrando uma média de $450 a diária. 

A moradora da comunidade da Rocinha Maria Clara dos Santos, foi uma das entrevistas pela equipe de reportagem do Times. Ela está se preparando para receber 10 turistas em sua casa de três quartos e uma vista privilegiada para a praia de Ipanema. O jornal acrescenta que as janelas da residência possuem grades para evitar arrombamentos e está localizada numa rua que "cheira esgoto não tratado". "...então ela está oferecendo aos hóspedes uma pechincha em recompensa - cerca de $50 por noite para ficar com ela durante o torneio".

O Times avalia que a realização da Copa do Mundo tem sido mais motivo de discórdia do que coroação do Rio de Janeiro no impulso de uma aclamação mundial. A substituição dos quartos de hotel pelas camas nas favelas pode ser apenas um aspecto desse complexo contexto. O jornal cita os atrasos nos prazos de entrega das obras e os acidentes com funcionários de empreiteiras nos canteiros dos estádios em construção.

No Rio de Janeiro, os operadores hoteleiros estão claramente preocupados com o fluxo de turistas previsto para a fase final do torneio, já que as partidas serão realizadas na cidade. "Uma razão: A cidade tem apenas cerca de 55.400 camas de hotel para até 300 mil visitantes esperados, taxas que vão crescer a uma média de cerca de $ 460 a noite, mais ou menos o dobro do que custam regularmente, de acordo com um relatório da agência estatal de turismo do Brasil", destaca o texto do Times.

O jornal americano ouviu o presidente da Associação de Indústria de Hotéis Brasil, Alfredo Lopes, que disse os aumentos dos preços são previstos, pelo estado estar no foco das atenções no mundo. "Não importa que o estado do Rio de Janeiro está às voltas com uma nova onda de crimes, ilustrada por um aumento no número de homicídios em torno da cidade e uma série de assaltos em praias frequentadas por estrangeiros", destacou o Times da entrevista com Lopes. E o jornal americano finaliza: "Para aqueles que não podem dar ao luxo de ficar em regiões mais glamourosas do Rio, ou que estão simplesmente fora das elevadas taxas dos hotéis da cidade, as habitações nas favelas estão surgindo como uma opção atraente".