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Garotinho condena convênio entre Paes e Fundação Cacique Cobra Coral

"Seria cômico se não fosse trágico", diz deputado

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O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira (17/12) para fazer um pronunciamento contundente contra o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB. Garotinho chamou de afronta a resposta de Paes a repórteres diante da pergunta sobre o que a prefeitura planejava para minimizar os efeitos das chuvas de verão na cidade. 

Paes afirmou que havia renovado o contrato com a Fundação Cacique Cobra Coral, que se apresenta na internet como uma entidade espiritual criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza. 

"Hoje subo indignado aqui para discursar porque isso (que o prefeito fez) é afrontar as pessoas. Seria cômico se não fosse trágico. Vou ler literalmente a resposta do prefeito: 'Acabo de renovar o contrato com a Fundação Cacique Cobra Coral. Esta fundação tem poderes mentais que desviam a chuva' - alfinetou Garotinho, ressaltando que o contrato com a Fundação Cacique Cobra Coral não passou por licitação desde a época em que Cesar Maia (DEM) era prefeito do Rio.

Na sua página na internet, a Fundação Cacique Cobra Coral diz que foi fundada por Ângelo Scritori e tem à frente da entidade a filha dele Adelaide Scritori. Ela também seria médium e incorpora o espírito do mentor Cacique Cobra Coral. Ângelo Scritori morreu, aos 104 anos, no ano de 2002. E a missão da fundação, segundo Adelaide Scritori, presidente da entidade, é "minimizar catástrofes que podem ocorrer em razão dos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza".

Segundo Garotinho, o governador Sérgio Cabral também afirmou, com base nas previsões da Fundação Cacique Cobra Coral, que não choveria e veio a tragédia do Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, que matou 267 pessoas em abril de 2010, após fortes chuvas e desabamentos numa área que já tinha sido lixão.

"Quando houve tragédia das chuvas em Angra dos Reis (em janeiro de 2010), essa Cobra Coral garantiu que não choveria. Onde nós estamos? Elegemos um governador e um prefeito para cuidar das pessoas no período das chuvas e eles entregam sua responsabilidade dessa forma. Isso é uma falta de respeito às famílias que perderam tudo. Depois, Cabral não sabe porque é o pior governador do Brasil, porque não pode sair nas ruas", afirmou o deputado Garotinho.

Na semana passada, o líder do PR discursou cobrando providências do governo federal sobre os recursos que foram destinados para a Região Serrana do Rio após a maior tragédia natural do Brasil, em que morreram 911 pessoas no dia 11 de janeiro de 2011. Quase três anos após o temporal que deixou ainda quase mil desaparecidos, poucas casas, pontes e escolas foram reconstruídas pelo governo do Estado do Rio e prefeituras da região.