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Opinião - A decoração de Natal que divide a cidade

Como sempre, eles continuam preferindo os ricos

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As luzes do Natal começam a acender na cidade, mas não em todos os bairros, não para toda a população. Os espaços públicos do Rio, cedidos pela Prefeitura para a decoração natalina, privilegia a Zona Sul. Na Zona Norte não há luzes piscando, nem decoração, nem nada, exceto as iniciativas do comércio voltadas estritamente para o consumo. O ambiente festivo, de cores, a confraternização, a alegria, estão todos na parte mais nobre da cidade, como se no outro lado não houvesse habitantes.

O Rio, com forte vocação voltada para o turismo, deveria ter uma política municipal de estímulo para as comemorações nas principais datas festivas do ano em toda a cidade, como ocorre no Carnaval. O Natal seria uma dessas datas, mas o prefeito esquece, ou não quer lembrar, de algumas áreas da Zona Norte e do Subúrbio que ficam totalmente à margem dessas iniciativas. Áreas que o receberam por diversas vezes de braços abertos, como o Parque da Madureira, por exemplo, que não terá sequer um presépio para distração das crianças do local.

Já na Zona Sul foram instaladas decorações de todos os tipos, sendo a principal a árvore da Lagoa Rodrigo de Freitas e cuja inauguração, com fogos que lembram o Reveillon (outra data que privilegia os bairros nobres do Rio), vai se consolidando como um evento do calendário da cidade. A instalação dessa árvore é bancada pela iniciativa privada, mas com permissão da Prefeitura por ser um logradouro público.

Tudo bem que o dinheiro é privado, mas por que o prefeito, ao fazer essa concessão, não exige dos patrocinadores que promovam decorações em outras áreas da cidade?  Por que não existe uma política de promoção de festas com a participação da iniciativa privada para toda a cidade? Esse descaso, que constatamos agora no Natal, não significa uma simplória queixa por falta de algumas luzes piscando nas ruas do subúrbio. É muito mais do que isso. É a constatação do reflexo de uma administração voltada apenas para uma parte da cidade. Como sempre, eles preferem os ricos, o resto que se vire como pode.