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Aumento da criminalidade no Rio gera insegurança 

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O crescente aumento da violência registrado desde o início do ano no Rio de Janeiro demonstra que o governo ainda não acertou a fórmula para combater a criminalidade na cidade e o seu plano de segurança pública está defasado. Especialistas avaliaram os estudos divulgados pelo  Instituto de Segurança Pública (ISP) e atribuem esse fenômeno à dois fatores. Um é a mudança de tática de marginais que saíram das favelas pacificadas e estão cometendo delitos em áreas centrais do Rio. O outro diz respeito ao deslocamento dos Policiais Militares responsáveis pelo policiamento nas ruas para atuarem nos recentes protestos populares. Enquanto essas questões não forem alinhadas, a Cidade Maravilhosa continuará vulnerável aos arrastões e à nova onda de violência. 

O especialista em segurança pública e diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança no Rio, Vinicius Cavalcante, atribui o crescimento da criminalidade na cidade a vários pontos críticos, avaliando a questão não só no âmbito policial, mas principalmente os fatores sociais que podem desencadear este cenário. Para Cavalcante, o policiamento na cidade ficou sensivelmente prejudicado nos meses de julho a agosto, quando os policiais militares foram deslocados das suas áreas de policiamento para atuar nas manifestações que tomaram as ruas do Rio. Com isso, algumas áreas consideradas críticas ficaram vulneráveis. "E essa mudança no policiamento da cidade ainda favoreceu os criminosos, que aproveitaram para praticar pequenos delitos e desmoralizar a imagem da PM", comentou o especialista.

Um segundo ponto abordo por Nascimento foi a mudança de estratégia da bandidagem, que com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) trocaram as comunidades por regiões no seu entorno. Ele avalia que os delitos de maior frequência na cidade são típicos do marginais de segundo escalão, que deixaram os morros e caíram na clandestinidade. "As áreas próximas às comunidades são as mais afetadas. Agora o Centro do Rio, observamos uma característica ainda mais preocupante. Ali a mendicância se une à  bandidade para cometer os roubos, inclusive usuários de crack estão nesse grupo. São mulheres, crianças, jovens, adultos. Ou seja, é a questão social interferindo nas estatísticas criminais", alertou o especialista.  

O aumento de roubos a pedestres e veículos, especialmente no Centro da cidade, aumentou de forma alarmante. As estatísticas mais recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP) relacionadas a esses delitos, apontam para um salto de 46,5% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2012. Na Zona Sul da cidade, os arrastões já chamaram a atenção até da comunidade internacional, a ponto do Consulado dos Estados Unidos disparar um alerta contra a violência na orla carioca. 

De junho a agosto desse ano foram registrados 5.353 casos de roubos a transeuntes no Estado, contra 4.041 em 2012. Roubo de automóveis também subiu consideravelmente, passando de 1.751 registros em 2012 para 2.527 neste ano. O número de celulares roubados também aumentou. Em janeiro deste ano foram feitos 348 registros de roubo de aparelhos, em agosto este número pulou para 534.

O último feriado na cidade, da Proclamação da República, foi marcado por arrastões na orla do Rio, que terminou em pancadaria entre bandidos, policiais e banhistas, além da imagem da Cidade Maravilhosa arranhada na comunidade internacional. Dias depois, o Consolado dos Estados Unidos lançou o "Alerta de aumento de crimes no Rio", enfocando os roubos e assaltos nos bairros da Zona Sul. O recado do consulado norte-americano foi direcionado a turistas e americanos residentes no país, pedindo atenção nas praias do Leblon, Ipanema, Arpoador e Copacabana. "A incidência de crimes contra turistas é maior em áreas no entorno de praias, hotéis, bares, boates e outros destinos turísticos. Roubos em ônibus urbanos também são comuns. O pico atual nos crimes deve continuar em dezembro", destaca o comunicado do consulado, que ainda enumera os objetos que mais chamam a atenção dos bandidos: smartphones, cordões de metais preciosos, bicicletas, carteiras e bolsas. 

Na análise de Vinícius Nascimento, o cenário da criminalidade no Rio não é tão simples de se ser resolvido e exige medidas integradas entre setores governamentais. "Mas o primeiro passo é o retorno do policiamento ostensivo, como medida de segurança pública e combate aos usuários de crack e mendigos, na ação social", destaca ele. Nascimento acredita que o governo cometeu um erro ao prometer soluções rápidas com a implantação das UPPs, gerando uma expectativa ilusória na população. Os resultados desses programas são constatados a médio e longo prazo", esclareceu Nascimento.