As investigações do Ministério Público do Rio chegaram às escutas telefônicas que estavam em poder da 15ª DP (Gávea). Elas revelaram que em 18 de julho, quatro dias após o desaparecimento de Amarildo, da Favela da Rocinha, um policial civil tentou negociar a entrega de armas com uma pessoa ligada ao tráfico na região. Amarildo foi torturado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha (UPP) para entregar a localização de um paiol de armas na favela. E a perícia da Polícia Civil nas quatro viaturas do Bope que estiveram na favela no final da noite em que Amarildo foi torturado, deu positivo para a reação com luminol em três delas, apontando presença de material orgânico.
Nas escutas, um homem pede a um traficante conhecido como Juliano Ferreira de Medeiros, o Espinha, para entregar armas à polícia em troca de “deixar o morro em paz”. Mas Espinha se nega a entregar o armamento, alegando ter dado fuzis para um policial militar da UPP da Rocinha, que estava infiltrado na quadrilha. O traficante disse que o policial “não apresentou as armas”.
A segunda ligação no mesmo dia foi de um homem que se identificou como delegado e queria negociar a entrega do corpo de Amarildo. "A paz será selada se o corpo aparecer”, disse o "delegado" durante a ligação. Mas Espinha responde que “a morte do Boi [Amarildo] foi de responsabilidade da UPP do major [Edson dos Santos]”. Os grampos fazem parte da Operação Paz Armada. Juliano Ferreira de Medeiros foi indiciado na ação do Ministério Público.
A Polícia Civil do Rio encaminhou as amostras de material orgânico encontrado nas viaturas do Bope para novo exame que deve indicar a presença de sangue. O MP-RJ investiga se a tropa da PM retirou o corpo do ajudante de pedreiro da Rocinha, após a sessão de tortura.