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Wadih Damous: "Rio vive uma situação inaceitável"

Jurista diz que Lei de Organizações Criminosas é inconstitucional

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O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, disse nesta quinta-feira que o Rio de Janeiro vive uma situação inaceitável. "Manifestantes ou meros espectadores de atos políticos são enquadrados na chamada Lei de Organizações Criminosas, abertamente inconstitucional, e que, ademais, não se aplica a quem participa de manifestações públicas. Eles são, também, indiciados por crimes de formação de quadrilha, corrupção de menores e outras aberrações", afirmou. 

Damous enfatizou também que presos arbitrariamente pela PM são conduzidos a delegacias distantes para dificultar o trabalho dos advogados. "Seu indiciamento é feito sem critério, a partir do livre arbítrio dos delegados", acrescentou.

"Jovens, sem vinculação com atividades delituosas, são processados por crimes inafiançáveis e correm o risco de serem condenados à prisão", disse o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB.

"Convém lembrar que, numa democracia, mesmo os envolvidos em atos de depredação devem ser tratados na forma da lei. Não se pode combater ilegalidade com outra ilegalidade. Advogados que buscam impedir essas arbitrariedades estão sendo tratados com hostilidade e vistos como estorvo à atuação policial. Agentes, a pretexto de realizar oitivas informais, impedem que os profissionais tenham contato com seus clientes. É bom recordar que oitivas informais de presos eram comuns na ditadura militar e são inaceitáveis numa democracia", criticou.

E Damous prossegue: "Essa situação é inadmissível. A observância dos direitos constitucionais não deve estar sujeita aos humores da autoridade policial. Os 25 anos de nossa Constituição merecem uma comemoração mais adequada".