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Moradores protestam contra morte de jovem na Favela de Manguinhos

Paulo Roberto Menezes, de 18 anos,  teria sido espancado e morto por PMs da UPP

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Moradores da Favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, enfrentaram a polícia no início da tarde desta quinta-feira (17) durante um protesto contra a morte de Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos, ocorrida na madrugada. Segundo os familiares, o jovem teria sido espancado e morto por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, mas a PM diz que ele caiu desacordado após ser perseguido.

O delegado titular da 21a. DP (Bonsucesso), José Pedro da Costa, está investigando as duas versões dadas a polícia. Familiares da vítima que prestaram depoimento nesta quinta, Paulo estava na companhia de amigos na localidade conhecida como Beco da Esperança quando foi abordado violentamente pelos PMs, que usaram de agressão física até a morte do jovem. Já os policiais disseram que estava fazendo policiamento em um ponto de uso de drogas e quando eles foram revistar o jovem, ele teve um tipo de convulsão e foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região. O policiais que participaram da ocorrência disseram também que os jovens que estavam com Paulo Roberto afirmaram que ele havia cheirado loló minutos antes do ocorrido. Segundo José Pedro, o local do crime foi periciado e foram encontradas marcas de sangue em uma parede. O material colhido pela Polícia Civil passará por um exame de DNA e será comparado com os dados genéticos de Paulo.    

Em protesto, os moradores tentaram fechar a Rua Leopoldo Bulhões, mas a PM foi acionada e liberou a via, sendo recebida a pedras pelos populares. Os policiais responderam dando tiros para o alto. Os manifestantes se dispersaram e a polícia entrou na comunidade atrás do grupo que arremessou pedras.

A mãe do jovem, a vendedora ambulante Fátima dos Santos Pinho de Menezes, 39 anos, afirmou que o filho estava com outros quatro amigos quando os policiais militares chegaram. "Mesmo que meu filho estivesse fazendo alguma coisa errada com drogas, armas ou envolvido no crime,  os policiais não podiam matá-lo. Deveriam ter levado à delegacia", diz ela. 

Já os amigos do jovem que estavam com ele no momento da abordagem, contam que os policiais revistaram apenas o Paulo e levaram ele para um beco escuro da favela de Manguinhos. De acordo com o pai da vítima, Paulo Roberto Souza de Menezes, 48 anos, o filho brigou algumas vezes com os policiais militares da UPP, inclusive, os PMs já haviam detido Paulo no início deste ano, acusando-o de roubo na Lapa, Centro da cidade. Ele afirmou que filho estava sendo ameaçado pelos policiais. O pai da vítima admitiu ainda que Paulo tinha passagem policial por furto e anotações criminais quando era menor. "Ele já vinha sendo ameaçado. Ele era um menino bom mas não aceitava passar por humilhações nem ser esculachado", disse Paulo Roberto.

A Polícia Militar do Rio emitiu uma nota sobre o caso na manhã desta quinta-feira e o comandante da UPP de Manguinhos, capitão Gabriel de Toledo, colheu o depoimento dos cinco policiais militares envolvidos na ocorrência. 

Nota da PM do Rio:

“Segundo o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, por volta das 3h15 da madrugada desta quinta-feira (17/10), policiais em patrulhamento de rotina, na localidade conhecida como Barrinho, avistaram quatro jovens em atitude suspeita e, ao se aproximarem para realizar a abordagem, um dos jovens fugiu em direção a um beco, visivelmente alterado, caiu desmaiado antes mesmo de ser capturado pelos policiais. Os agentes colocaram o jovem desacordado dentro da viatura e o levaram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos. Segundo a médica que fez o atendimento do jovem, ele já chegou morto à unidade médica. As causas da morte do jovem só poderão ser conhecidas com o exame de necropsia realizado pelo Instituto Médico Legal (IML). O jovem foi identificado como Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos. De acordo com relatos dos policia is, os jovens que estavam com Paulo Roberto afirmaram que ele havia cheirado loló minutos antes do ocorrido. A ocorrência foi registrada na 21ª DP (Bonsucesso)”.