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Conjunto de favelas do Lins é ocupado neste domingo

Operação durou cerca de uma hora e não houve nenhum tipo de violência

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Conforme o Jornal do Brasil noticiou ontem com exclusividade, teve início neste domingo, por volta por volta de 6h a ocupação do Conjunto de Favelas do Lins e do Camarista Méier para a implantação das 35ª e 36ª Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro. A decisão muda os planos anteriores de implantação da 35ª UPP no Complexo da Maré, zona norte, que estava escalada pela Secretaria de Segurança Pública para receber a guarnição.

Com a ocupação do complexo, sete comunidades serão beneficiadas na primeira fase de ocupação. A operação das forças de segurança durou cerca de 50 minutos sem nenhum registro de violência. Ao amanhecer, a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá ficou interditada por quase duas horas e, às 5h25, os blindados da Marinha seguiram em direção ao Conjunto de Favelas do Lins dando início à operação. Logo após a ocupação, o clima no complexo era de tranquilidade entre os moradores que circulavam pelas ruas curiosos com a movimentação.

A UPP do Lins de Vasconcelos chega em um momento de turbulência na cúpula de segurança do Governo de Sérgio Cabral (PMDB), em consequência do caso do pedreiro Amarildo de Souza, que segundo inquérito da Polícia Civil foi morto por policiais da UPP da Rocinha, e por inúmeras denúncias de torturas e violências praticadas por policiais da polícia pacificadora em comunidades cariocas. O que deveria funcionar como principal elo de integração entre UPP e comunidade, os projeto sociais são alvo de crítica dessas populações e não conseguem resolver os problemas mais básicos de infraestrutura. Enquanto os moradores do Conjunto de Favelas do Lins criam expectativas de uma nova fase para a comunidade a partir da semana que vem, especialista em segurança pública alertam que o Estado continua caindo na mesma armadilha: entrar com a força de segurança e deixar de fora o choque de ordem social.

O principal modelo de pacificação no Rio, o Complexo do Alemão, está recorrendo à Justiça para revindicar a continuidade das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), paralisadas há mais de um ano. O Teleférico construído na comunidade é outro motivo de revolta e apontado como o "bicho papão" responsável pelo desvio das verbas que seriam aplicadas em obras de saneamento básico e no transporte público alternativo na região, que continua precário. Segundo Alan Brum, uma das lideranças comunitárias do Alemão, o Teleférico não atende às necessidades de mobilidade dos moradores e serve apenas como transporte turístico para os visitantes. Levantando a mesma bandeira, a comunidade da Rocinha também rejeitou o projeto de construção de um teleférico previsto pelo governo estadual para a região e pede a finalização das obras do PAC 1.

>>Rocinha e Alemão pretendem processar Estado por causa de Teleférico

O planejamento de ocupação das favelas do Rio pelas forças de pacificação da Secretaria de Segurança é questionado por especialistas de segurança pública. O ex-capitão do Bope, Paulo Storani, observa que desde que começou o processo de pacificação das comunidades cariocas, há cinco anos, o governo do Rio não tem demostrado interesse no desdobramento social do projeto, comprometendo o seu sucesso. Para Storani, "a presença da polícia militar na comunidade não é suficiente para eliminar a violência, pois a bandidagem cria mecanismos de adaptação e age mesmo com o policiamento ostensivo. "Por isso é que tão importante os órgãos estaduais entrarem na comunidade pacificada oferecendo programas sociais, melhorando a qualidade de vida, colocando em prática a proposta de 'polícia de proximidade', para que os moradores possam confiar no trabalho dos policiais e não ter medo de sua atuação", explicou Storani, ressaltando que este deveria ser o grande diferencial das Unidade de Polícia Pacificadora.