Vinte e cinco agentes da Vigilância Sanitária Municipal do Rio de Janeiro foram presos durante a operação Parasitas, da Polícia Civil, deflagrada nesta quinta-feira (3) para desarticular um esquema de extorsão a comerciantes. Cerca de 200 policiais foram às ruas para cumprir 30 mandados de prisão e 52 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Rio. Os fiscais são acusados de cobrar propina de comerciantes para não aplicar multas ou identificar irregularidades. Segundo a polícia, a quadrilha movimentava cerca de R$ 50 milhões por ano.
Os agentes da Polícia Civil apreenderam três espingardas, duas calibre 12 e uma calibre 28, e munição, além de R$ 1,1 milhão, documentos e computadores. O material e o dinheiro estavam na casa do médico veterinário fiscal da Vigilância Sanitária, Adolfo José Wiechmann.
O delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco-IE), Alexandre Capote, disse que os presos que têm ensino superior serão encaminhados para o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste.
Segundo o delegado, um veterinário, suspeito de ser o chefe da quadrilha, viajou para o exterior há algum tempo e ainda não foi encontrado. “O esquema criminoso não era muito elaborado porque eles tinham a certeza da impunidade. Só que eles se enganaram. Esse esquema é identificar os comércios, apontar irregularidades e não permitir que os comerciantes consigam sanar essas irregularidades de uma forma prevista na lei. E, quando não encontravam irregularidades, eles inventavam. Eles criavam uma dificuldade para vender uma facilidade”.
Alexandre Capote disse ainda que o valor da multa aplicada pelos fiscais variava de R$ 150 a R$ 500. “A concussão, que é uma forma de exigir vantagens em função do seu cargo, variava de acordo com a irregularidade. Eles aplicavam um conjunto de fatores que apontavam para um valor que eles definiam. O valor [cobrado] de um estabelecimento, que gastou uma fortuna para tentar solucionar um problema no ar-condicionado, era R$ 400 mensais”.
Os 30 acusados do esquema de extorsão já foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público Estadual. Vinte e sete são fiscais da Vigilância Sanitária do Rio, um é gari da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) e um é o proprietário de uma empresa. Entre os denunciados, há também um sócio administrador de uma empresa de arquitetura.
A Polícia Civil informou que as investigações foram iniciadas há dois anos, após uma denúncia feita pela Secretaria Municipal de Saúde. A quadrilha instituía um valor que, independentemente de irregularidade, tinha de ser pago pelos comerciantes. Caso contrário, eram aplicadas multas.
Foram presos:
Adolfo José Wiechmann – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Alberto David Cohen – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Alfredo Tavares Fernandez Mdico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
André Cota Pereira – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Ângelo Coccaro – Engenheiro – Fiscal da Vigilância Sanitária
Célia André da Cruz Oliveira – Mdica veterinria Fiscal da Vigilância Sanitária
Evanildo Oliveira Gari cedido à Vigilância Sanitária
José Luis Peçanha Rosa – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
José Nereu Silva Leite – Ag. de insp. veterinria Fiscal da Vigilância Sanitária
Josias Acioli Ferreira Farmacutico Fiscal da Vigilância Sanitária
Juarez Dias Pedreiro – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Luis Carlos Ferreira de Abreu Ag. de insp. veterinria Fiscal da Vigilância Sanitária
Marcia Dan Leiras Ag. de insp. veterinria Fiscal da Vigilância Sanitária
Marco Antonio de A. Peixoto Enfermeiro Fiscal da Vigilância Sanitária
Mario César Marques de Amorim – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Orlando Cardoso Neto – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Paulo Fernando R. de Moraes Mdico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Pedro Henrique Alexandre Neto Engenheiro – Fiscal da Vigilância Sanitária
Ricardo Chagas Teixeira Engenheiro – Fiscal da Vigilância Sanitária
Robert Roy Fulton – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Roberto Kelly Vidinha – Médico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Silvio Tavares de Almeida Arquiteto – Fiscal da Vigilância Sanitária
Valfredo Penchel e Tresse Mdico veterinário – Fiscal da Vigilância Sanitária
Vânia Kastrup – Médica veterinária – Fiscal da Vigilância Sanitária
Verônica Patricia Nenartavis – Mdica veterinária – Fiscal da Vigilância Sanitária