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Plano de carreira dos professores foi jogo de cena

Para categoria, novo plano visa conter os ânimos momentaneamente 

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Após a alteração na proposta de plano de cargos e salários realizada na noite de terça-feira (25), em reunião do prefeito Eduardo Paes com os vereadores da base aliada, os representantes da categoria no Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) afirmaram que a medida é uma tentativa de driblar a tensão de forma momentânea entre os professores. A mudança seria votada em caráter de urgência nesta quinta-feira (26), mas a Câmara suspendeu a sessão graças à pressão dos grevistas.

Apesar do esquema elaborado por Paes, os professores afirmam que a nova proposta apresenta problemas bem evidentes e que continua não contemplando a totalidade dos servidores públicos de educação. Dessa forma, a greve será mantida até a sua retirada e a formulação de um novo plano que seja elaborado junto com a categoria.

Para um dos coordenadores gerais do Sepe, Alex Trentino, a estratégia também foi para conter questões políticas internas. “Houve um problema na base aliada, que ficou dividida, por conta de toda a gritaria e do peso que o movimento ganhou. A forma que ele encontrou de tentar minimizar o problema por agora foi aplicar as emendas. Mas nós não vamos aceitar”, explica Alex.

A também coordenadora Marta Moraes concorda com seu parceiro de sindicato e afirma que o plano ter sido elaborado apenas em conjunto com os vereadores que exercem apoio ao governo é algo a ser observado. “A gente (representantes do Sepe) não teve acesso às emendas. Foram 27 emendas, todas apenas da base aliada e nenhuma foi apresentada aos vereadores de oposição e nem aos professores. Foi direto para votação. Isso não faz sentido, é um esquema. Nós somos totalmente contrários a essa postura”, ressalta a coordenadora.

Marta Moraes ainda ressalta que as principais motivações para o desencadeamento da greve ainda permanecem após a elaboração do plano. “Os problemas centrais continuam: a falta de valorização por tempo de serviço, que a cada cinco anos você tem percentual de valorização do salário. (No atual plano) a pessoa que se aposenta depois de 25 anos, tem uma diferença de apenas 26% em relação a quem está começando na carreira. Fica ainda pior no caso dos funcionários administrativos, com valorização de 2,5% a cada cinco anos. Isso representa apenas 7% de valorização em relação a quem começa, após 30 anos de serviço. Então não é valorização”, explica a professora.

Alex concorda que as emendas não favorecem a causa da categoria, pois o plano é ruim em sua totalidade. “As emendas não vão melhorar o plano. Queremos que se construa um novo a partir do que reivindicamos”, reforça o professor, afirmando que o documento não foi analisado por nenhuma instância antes de seguir para votação direta na Câmara. “O absurdo é tão grande que o plano não tramitou na Câmara, nem passou pela Comissão de Educação”.

Sobre o plano incluir gratificações dos profissionais de acordo com a formação, Marta ressalta que as emendas só contemplam os professores que exercem 40 horas semanais, isto é, menos de 10% da categoria. O plano ainda inclui problemas pedagógicos, como o descumprimento da lei federal que garante 1/3 da carga horária dos profissionais para o planejamento acadêmico. 

“Isso é uma postura extremamente autoritária, de não reconhecer a categoria organizada, fazer reunião apenas com os vereadores da bancada. Não entregam nenhum documento para o sindicato, nem para a comissão de base. Consideramos uma falta de respeito tremenda”, reclama Marta Moraes.

Os professores seguem na Câmara, onde será realizada uma audiência com o líder do governo na Casa, o vereador Guaraná, para rediscutir o plano de cargos e salários que tramita no plenário.

Mais cedo eles fizerem um novo protesto, que contou com figuras folclóricas como 'Jack Sparrow' e 'Batman'. Por sinal, Eron Moraes de Melo, de 32 anos, que foi detido na quarta-feira por se recusar a tirar a fantasia de Batman, voltou a apoiar a greve do magistério.