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Foragido da Operação Miqueias se entrega à Superintendência da PF no RJ

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Um dos foragidos da Operação Miqueias, da Polícia Federal, se entregou às autoridades na tarde desta quarta-feira, no Rio de Janeiro. Segundo a PF, Carlos Eduardo Carneiro Lemos é um dos líderes da quadrilha suspeita de desviar mais de R$ 300 milhões em uma fraude envolvendo entidades previdenciárias públicas. Ao todo, 21 pessoas foram presas na operação, e três ainda são procurados pela PF.

Após passar seis dias foragido, Lemos se apresentou espontaneamente à Superintendência da PF no Rio de Janeiro, onde permanecerá preso. Ele é apontado pela PF como sócio de outros dois membros da quadrilha, que usavam empresas de fachada para aliciar prefeitos e funcionários públicos para que eles aplicassem recursos em fundos de investimento.

Operação Miqueias

A investigação iniciou há um ano e meio para apurar lavagem de dinheiro por meio da utilização de contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de "laranjas". A PF descobriu a existência de uma holding de empresas que prestava serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos.

Uma vez creditados nas contas bancárias das empresas investigadas, os valores ilícitos ficavam circulando pelas demais contas pertencentes à quadrilha até serem, enfim, sacados em espécie. Os laranjas e as empresas de fachada eram periodicamente substituídos por outros para não despertarem atenção dos órgãos de fiscalização. Nos 18 meses de investigação, foram sacados mais de R$ 300 milhões nas contas dessas empresas.

Entre as células criminosas da organização, a PF identificou três núcleos distintos que contavam, inclusive, com a participação de policiais civis do Distrito Federal, responsáveis pela proteção da quadrilha.

No curso da investigação, observou-se que os líderes da organização criminosa também desenvolviam outra atividade ilícita: o aliciamento de prefeitos e gestores de regimes próprios de Previdência Social para que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papéis pouco atrativos, geridos pela própria quadrilha, e com alta probabilidade de prejuízo.

Os prefeitos e gestores dos regimes de previdência eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado. O esquema contava também com a intermediação de importantes lobistas que faziam o elo entre agentes políticos e a quadrilha.

Foram verificadas irregularidades especificamente nos regimes próprios de Previdência Social das prefeituras de Manaus (AM), Ponta Porã (MS), Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa (GO), Caldas Novas (GO), Cristalina (GO), Águas Lindas (GO), Itaberaí (GO), Pires do Rio (GO), Montividiu (GO), Jaru (RO), Barreirinhas (MA), Bom Jesus da Selva (MA) e Santa Luzia (MA).