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Sucateamento de escolas no Rio reflete pouco investimento

Até junho governo liberou apenas 22% do orçamento para educação

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O governo do Estado do Rio de Janeiro desembolsou apenas 22% das verbas orçamentárias destinadas à educação nos seis primeiros meses deste ano, que totaliza R$ 9,4 bilhões. Esse valor foi ainda 24% inferior ao que foi liberado no mesmo período do ano passado, de acordo com números da Secretaria de Fazenda. Enquanto o governo realiza uma contenção de despesas, as escolas seguem sucateadas e os professores insatisfeitos.

Existe ainda a intenção, por parte do governo do estado, de reduzir a carga horária na rede pública, para que os alunos frequentem a escola apenas de segunda à quinta-feira. A proposta, apresentada no início de julho e levada ao Conselho Nacional de Educação, foi engavetada, mas, como reforça Alex Trentino, coordenador do Sindicato Estadual de Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), apenas por enquanto. "Já temos a carência na estrutura e a falta de profissionais. Se ainda diminuir os dias de aula fica difícil (oferecer um ensino de qualidade)".  

Entre os problemas denunciados pelos professores da rede pública estadual estão salas superaquecidas, bibliotecas com poucos livros, quadras esportivas que não podem ser utilizadas, falta de material para os professores e de laboratórios de informática.

"Tem várias escolas caindo aos pedaços. As quadras esportivas não têm cobertura e, quando está muito sol, não podem ser utilizadas, isso é um problema de saúde. Os professores de Educação Física não têm material, não têm bola. Isso em um país que vai sediar a Copa e as Olimpíadas. Há falta de funcionários e o Estado apela para terceirizados, para pagar menos. Isso é economia de dinheiro", declarou Trentino.

De acordo com o coordenador do Sespe-RJ, os professores têm recebido um bônus de R$ 500 no final do ano. "Ele [governador] não investe o necessário, o correto. [Então] sobra dinheiro. No final do ano, ele dá um bônus, que, na verdade, é apenas uma verba que está sobrando e que tem que gastar de alguma forma".

Para Alex, um dos problemas mais urgentes na educação do estado, atualmente, é a falta de professores. Os salários foram reajustados em 8% neste ano, mas um professor iniciante, com graduação completa, recebe um salário de R$ 1.081 bruto. "Os professores largam as escolas estaduais e vão para uma rede que pague uma pouquinho melhor, ou então vão para outra profissão".

Os professores do estado entraram em greve na última quinta-feira (8/08) pedindo contratação de mais profissionais, aumento salarial e um terço da carga horária dedicada a plano de aula - já amparada pelo Conselho Nacional de Educação mas que, segundo Trentino, ainda não foi adotada pelo governo do estado.