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RJ: MP investiga se manifestante morreu devido a gás lacrimogêneo

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) abriu uma investigação para descobrir se o artista plástico Fernando da Silva Candido morreu por ter inalado gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar em um protesto na capital fluminense. O artista morreu na última quinta-feira, dia 1º de agosto, no Hospital Israelita Albert Sabin, na Barra da Tijuca, após complicações respiratórias.

A Coordenadoria de Direitos Humanos do MP-RJ pediu a abertura de um inquérito à Central de Inquéritos e à Auditora Militar. O coordenador do órgão, procurador Márcio Mothé, decidiu instaurar o procedimento depois que um vídeo foi divulgado na internet - nele, Candido afirma que inalou gás lançado pela PM durante um protesto perto da casa do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Nesta segunda-feira, o MP deve requisitar o prontuário médico do artista plástico ao hospital. O procurador Márcio Mothé também deve se reunir com os promotores Márcio Nobre e Paulo Roberto Melo Cunha para discutir as próximas providências que serão tomadas pelo MP.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

?Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.