Ao decidir que não iria mais demolir o Complexo do Maracanã, o governador Sérgio Cabral já sabia que a licitação de concessão do estádio teria que ser cancelada. No entanto, preferiu o engodo de uma entrevista para divulgar sua decisão na tentativa de reverter sua impopularidade. No edital de licitação, no capítulo sobre as condições de concessão, no inciso 2.8.1, diz que “caso o valor efetivo das obras seja inferior ao valor estimado (R$ 594.162.148,71), a diferença apurada reverterá em favor do poder concedente”.
Como essas obras não serão realizadas, há uma alteração quase que completa do objetivo do edital e a licitação torna-se nula devido a essa mudança. Na entrevista, Cabral afirmou que entraria em contato com o concessionário para mudar o projeto. Mas, como há mudanças nas condições básicas do projeto, é necessária a realização de uma nova licitação, caso contrário o governador poderá incorrer em crime.
Além de buscar uma melhor imagem perante a opinião pública,
Cabral poderia também estar juntando o útil com o agradável. De acordo com
informações que estão circulando desde a semana passada, após uma avaliação
melhor do contrato pelo concessionário, foi verificado que a operação não seria
um bom negócio e a desistência implicaria nas penalidades contratuais. Para
evitar esse ônus, o Consórcio teria negociado as mudanças para devolver a
concessão.