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'Cometi erros', afirma Cabral ao comentar manifestações no Rio

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O governador do Rio, Sérgio Cabral, admitiu nesta quinta-feita (1) que cometeu erros erros em seu segundo mandato. Em entrevista à Rádio CBN, Cabral citou falhas sobretudo no diálogo com a sociedade.

“Sem dúvida aqui no Rio, eu também cometi erros. Erros de diálogo, erros de incapacidade de dialogar, que sempre foi a minha marca. Galeria cheia, vaiando, e me aplaudindo eu tive a vida inteira (...) Acho que da minha parte faltou mais diálogo, uma capacidade de entendimento e de compreensão, poderia citar várias situações em que essas questões se deram. Mas, eu não sou uma pessoa soberba, que não está aberta ao diálogo. Para mim, a democracia é um bem intangível”, disse Cabral.

Desde o início da semana manifestantes voltaram a acampar na rua de Cabral, no Leblon (esquina da Rua Aristides Espínola com a Avenida Delfim Moreira). O grupo cobra mais verba para a saúde e a educação do estado, além da abertura de CPI para investigar denúncias ligadas ao governo.

Os acampamentos são realizados na porta do governador desde o mês de junho. Em algumas ocasiões a polícia agiu com rigor e os protestos terminaram em depredações no bairro. Esta semana, o protesto tem sido pacífico.

Veja outros trechos da entrevista de Sérgio Cabral:

Queda na popularidade

"A partir dos acontecimentos de junho houve em todo o Brasil uma queda na popularidade de todos os governantes. Aqui no Rio foi mais acentuada. Sempre respeitei as pesquisas com muita humildade. Faz parte do jogo democrático."

Saída do governo e eleições

"O presidente do meu partido (Jorge Picciane, que em entrevista afirmou que Cabral deixaria o governo em abril)  tem a obrigação de discutir o assunto, mas há várias hipóteses. Este assunto não está definido. 

Pezão tem competência política, sensibilidade social e capacidade administrativa muito grande. A candidatura dele está ratificada."

Uso de helicóptero

"Não havia protocolo de uso. Eu jamais exagerei. Fui pautado pelas orientações do gabinete militar. Mas sem dúvida as manifestações querem o aperfeiçoamento do processo democrático. E o protocolo faz parte desse aperfeiçoamento. Com regras, fica tudo mais fácil." 

Origem humilde e Paris

"Minha família tem origem suburbana. Aos 7 anos fui morar no Leblon, mas nunca deixei de ter um vínculo popular. Paris é uma questão quase folclórica. O jantar, naquela ocasião das fotos que vieram a público, foi uma homenagem a mim. Eu estava recebendo a Legião de Honra do governo francês, e estavam naquele jantar diversos empresários brasileiros e estrangeiros, e inclusive o embaixador brasileiro em Paris. 

Recebi votações expressivas na minha vida política e isso se dá por algum vínculo que eu tenho com a camada popular. Meu governo tem se voltado para as camadas populares mais humildes. Não sou uma pessoa soberba, que não está aberta ao diálogo. Ao contrário."

Oposição e os protestos

"Há manifestações públicas de (Marcelo) Freixo e (Anthony) Garotinho contra mim. As ações de grupos radicais têm me chocado muito, com depredações de lojas, agências bancários e patrimônio público, mas não vinculei isso a esses políticos."

Fim das manifestações no Leblon

"Não é um apelo piegas, é apenas apelo como pai. Tenho filhos pequenos. Manifestação tem que ser contra o político."

Maracanã 

"Não há suspeita de superfaturamento. Os tribunais de contas estão acompanhando as contas. Foi uma reforma de um dos maiores equipamentos do mundo. Tínhamos obrigações com calendário de eventos no Rio. Hoje, o Maracanã está à altura de qualquer estádio do mundo. O argumento de elitização é um equívoco. Os clubes é que definem os preços dos ingressos. O Maracanã não foi privatizado, pertence ao governo e está concessionado."

Amarildo

"Nós somos os primeiros a querer saber onde está Amarido. Numa unidade onde há UPP, os índices de criminalidade caíram barbaramente, graças a Deus. Queremos descobrir onde está Amarildo e quem fez o que com Amarildo. Estamos com uma forte investigação. Tenho certeza que a minha policia vai descobrir."

Nota para seu governo

"Prefiro que a população avalie na hora certa. Nunca me dei nota. É a população que avalia."

Polícia expulsa manifestantes que ocupavam Câmara de Vereadores do Rio 

A Polícia Militar desocupou o prédio da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, que havia sido invadido mais cedo por um grupo de manifestantes. Após a expulsão, houve um grande tumulto do lado de fora do prédio, com os policiais militares perseguindo alguns manifestantes, que foram agredidos com cassetetes e gás de pimenta.

Um grande contingente de policiais militares cercou o prédio para evitar que os manifestantes voltassem a invadir o local. 

Mais cedo os manifestantes participaram de uma caminhada até a sede do Ministério Público, onde foram recebidos pelo procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, e posteriormente eles se dirigiram para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e depois foram para a Câmara de Vereadores.

Pouco antes das 21h, um grupo de aproximadamente 20 pessoas conseguiu entrar por um portão lateral que estava aberto. O restante dos manifestantes ficou do lado de fora porque policiais militares conseguiram bloquear a entrada.

O grupo que estava no interior do prédio estendeu faixas nas janelas, com dizeres contra a corrupção, charges ironizando a violência policial e frases contra o governador do Rio, Sérgio Cabral.

Novo protesto contra Cabral

Cerca de 700 manifestantes se reuniram no Centro do Rio de Janeiro, no final da tarde desta quarta-feira, para mais um protesto contra o governador Sérgio Cabral. Desta vez, eles pediram a criação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) da Copa, da Delta e dos helicópteros. 

A manifestação também teve o objetivo de pedir ao Ministério Público a ilegalidade do decreto de Cabral, que institui a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo.

Mais de 300 policiais acompanharam os manifestantes, que carregavam faixas e cartazes contra o governador. O ato era pacífico . Os organizadores da passeata foram até a sede do Ministério Público.

O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, desceu de seu gabinete e recebeu os manifestantes, que rejeitaram a primeira oferta feita pelo órgão, de serem recebidos em comissão na sala do procurador-geral, e disseram que só aceitavam se reunir com ele do lado de fora do prédio.

Após alguns minutos de impasse, Marfan desceu e, em atitude inédita, foi até a rua. Com um megafone dos manifestantes, ele respondeu sobre as demandas de uma carta-aberta distribuída durante a passeata. Entre os pontos do documento, constavam exigências de que o MP investigue abusos de autoridades praticados pela Polícia Militar durante os protestos; gastos públicos feitos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas; monopólio nos contratos de concessão do transporte público; e uso indiscriminado de helicópteros pelo governador Sérgio Cabral; além da instauração de inquérito para investigar as ligações de autoridades públicas com empreiteiras.

Marfan respondeu aos manifestantes que todas as reivindicações propostas no documento são objeto de investigação pelo MP, e disse que há um ritmo próprio para cada uma, sendo que, em alguns casos, a velocidade do processo depende de agilidade do Poder Judiciário.