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Carta ao governador

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Senhor governador:  o Jornal do Brasil não acompanha e nem estimula qualquer tipo de desordem social, seja de qual tipo for. Não julgamos também se há razão ou não nas manifestações que estão sendo feitas desde junho. Mas, se atentarmos para os fatos que vêm ocorrendo em seu governo, quer tenham origem política ou administrativa, nos permite algumas reflexões. 

As manifestações são um direito democrático e justo de qualquer povo, mas usar esses movimentos como estratégia para tentar reverter a perda da credibilidade e da popularidade, certamente não haverá êxito nesse objetivo. Sua insistência em morar na sua residência própria, num bairro onde não há condições das forças de segurança garantirem a tranquilidade necessária aos moradores do próprio bairro.

O Palácio Guanabara está à disposição dos governantes do Rio e tem toda a infraestrutura necessária e conforto para abrigar os governadores do estado e seus familiares. E haja conforto. Como apreciador de bons lugares, nada impede que o senhor e sua família ocupem a residência oficial e evite os transtornos que vêm causando a centenas de milhares de pessoas que não têm nenhuma ligação com os protestos direcionados à sua pessoa. 

Nesta quinta-feira, os protestos que fecharam a Autoestrada Lagoa–Barra prejudicaram milhares de pessoas que passam por essa via se dirigindo para suas residências, muitas das quais se deslocando para lugares bem distantes dali, como a Zona Oeste. Essas pessoas têm o direito de ir e vir, previsto entre os princípios magnos de nossa legislação, e não estão tendo essa prerrogativa. 

São centenas de milhares de pessoas que, por conta de uma manifestação direcionada única e exclusivamente a sua pessoa, estão impedido a plena circulação pela cidade. Se a imobilidade para disciplinar esses protestos com o único objetivo de provocar a ira do povo contra o povo, tenha certeza que os prejudicados não estão culpando os manifestantes, mas sim ao único responsável pelas manifestações: o governador do Rio de Janeiro.