O neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves foi demitido nesta terça (09/07) pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também suspendeu outros sete profissionais de saúde do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte da cidade, acusados de fraudar as escalas de plantão da unidade. Adão Crespo faltou o plantão na madrugada do dia 25 de dezembro de 2012, ocasião que a menina Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, vítima de uma bala perdida na cabeça deu entrada no hospital e teve que aguardar oito horas por atendimento. A criança morreu 11 dias depois.
Adão Crespo é indiciado por omissão de socorro, falsidade ideológica e estelionato. Ele faltou o plantão de Natal, mas alterou a escala para indicar a sua presença no setor de neurocirurgia. Em depoimento à Polícia Civil, o médico confirmou que estava faltando há um mês os plantões e justificou que sua atitude foi por não concordar com as condições de trabalho no hospital. Em depoimento, Adão disse ao delegado titular da 23ª DP (Méier), Luiz Archimedes, que uma norma do Conselho Regional de Medicina, que define dois neurocirurgiões para plantões em hospitais, não era respeitada no Salgado Filho. O Conselho de Medicina do Rio abriu sindicância para investigar o caso, mas até o momento a entidade não chegou a nenhuma conclusão.
Além da demissão de Adão Crespo Gonçalves, o Diário Oficial do Rio desta segunda (08/07) informa a suspensão de outros médicos do Salgado Filho, que participaram do esquema de fraude nas escalas. O neurocirurgião Francisco Eduardo Penna Doutel de Andrade, contratado por Adão para substituí-los nos plantões, foi punido com 30 dias de afastamento; o cirurgião vascular Enio Eduardo Lima Lopes, chefe da equipe de plantão, pegou 15 dias de suspensão; o clínico Conrado Norberto Weber Júnior, que na época era diretor geral da unidade, e o neurocirurgião José Renato Ludolf Paixão, chefe direto de Adão, pegaram cinco dias de suspensão.