O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, critica a posição do governo do estado em relação aos casos de dengue. Em abril e maio, o aumento foi de 63% em comparação com os meses do verão, época em que a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes Aegypti, é maior. Segundo o médico, o crescimento no número de casos da doença durante o outono é fruto da negligência do poder público estadual.
De acordo com os relatórios da própria Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), durante os dias 1º de janeiro e 23 de março deste ano, foram registrados 69.343 casos suspeitos de dengue, com três óbitos. Este número se elevou entre abril e maio, período em que foram registrados 109.422 casos da doença, sendo que destes, 25 morreram. O aumento da incidência da dengue aparece também na comparação com o ano passado. Em 2012, nos meses de abril e maio, foram registrados 73.616 contra os mais de 109 mil de 2013 no mesmo período.
“Esse quadro é consequência da negligência do governo. Apesar de a reprodução do mosquito ser maior no verão, ela também ocorre em outros períodos. Nós vivemos num clima tropical em que as estações não são tão rigorosas como em outros países, ou seja, há condições para o mosquito quase o ano todo. Então, a medida que o poder público não cumpre seu papel de protetor da população, os casos de dengue estão em alta”, critica Darze.
Na opinião do presidente do sindicato, o governo estadual falhou em não dar continuidade nas medidas de combate do verão, o que para ele é o “dever de casa”.
“Deixaram de realizar a fiscalização dos focos de dengue nos espaços públicos e privados, faltaram novas campanhas de informação para a opinião pública e, também, foram negligentes com os protocolos médicos dos óbitos no período pós-verão”, afirma o médico.
A Secretaria de Estado de Saúde, entretanto, publicou na última terça-feira (04), em seu site, uma notícia afirmando que não há mais nenhum município no estado do Rio de Janeiro com epidemia de dengue.
A assessoria da SES-RJ afirma que, embora os casos de dengue não tenham diminuído, os números que indicam o fim das epidemias nos municípios do estado são resultado de um cálculo epidemiológico, ou seja, só é considerado epidemia quando há contaminação do vírus por, no mínimo, 300 pessoas a cada 100 mil habitantes.
Ainda de acordo com a assessoria, "as medidas de combate à dengue, como a visita de agentes sanitários às moradias do município, são eficientes, mas são de responsabilidade de cada município".
*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil