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Truculência de prefeito é digna de rebelde sem causa

Agressão é mau exemplo às vésperas de grandes eventos

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O lamentável episódio ocorrido no último sábado, quando o prefeito do Rio, Eduardo Paes, num momento de valentia, deu um soco na cara do músico Botika Botkay, por não ter suportado as críticas que lhe eram feitas, poderia ter um desfecho mais grave. Além da agressão a um cidadão do Rio de Janeiro, que momentaneamente Paes esqueceu que administra, o prefeito constrangeu toda a Cidade com uma atitude digna de um adolescente rebelde sem causa.

Cercado de seguranças, Eduardo Paes pode exercer toda a sua coragem e vigor. No entanto, deixou no ar uma dúvida: se estivesse sozinho partiria para o ataque? O descontrole só não teve maiores consequências justamente por estar cercado de seguranças, que demonstraram profissionalismo ao conter o ímpeto de Paes, que num momento de pequena glória teve uma plateia de pouco mais de 30 pessoas, num restaurante no Horto.

A atitude do prefeito foi também um péssimo exemplo para as forças de segurança que terão que lidar com vários eventos que serão realizados no Rio, como a Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Copa do Mundo, Olimpíadas e outros de nível internacional. As forças de segurança, seguindo o exemplo do prefeito, serão também truculentas? Como serão tratados milhões de jovens que deverão vir para o encontro com o Papa, em julho? Seria mais uma vergonha para a Cidade Maravilhosa ser estampada nas páginas da mídia pelo mundo afora como a capital da irracionalidade, porque da violência já vem sendo novamente.

A truculência e agressividade de Paes é mais um de seus tradicionais erros como homem público. Outro exemplo são os gastos que o Estado tem na prevenção ao câncer, que somaram R$ 2,4 bilhões em 2012, para a população. E o que faz nosso prefeito? Aparece em público fumando.  Ainda recentemente, nosso prefeito deu outro soco, dessa vez na cara da cultura ao tentar cortar a verba que cabe à Prefeitura para a Orquestra Sinfônica Brasileira. Ao ter essa brilhante ideia, conseguiu a unanimidade da população contra a medida.

Ao dar o soco no músico, Paes não estava jogando sua agressividade apenas em uma pessoa. Foi agressivo com a Cidade, com a população e até com seus próprios eleitores que condenaram seu gesto. Um Estado que sofreu décadas com a violência não vai ser conivente com a violência justamente de quem tem que fazer de tudo para evitá-la.