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Delegada sobre autos de resistência forjados: "não compactuamos com erros"

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Depois da divulgação de um vídeo em que policiais civis aparecem forjando autos de resistência (quando o suspeito é morto em confronto com a polícia), na Favela do Rola, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, divulgou uma nota na noite deste domingo (12). No documento, ela avisa que "todas as providências para apurar as circunstâncias da operação da Coordenadoria de Recursos Especiais na Favela do Rola foram tomadas"

A delegada destacou ainda que "não compactua com erros nem excessos que terão punição exemplar, a partir do trabalho da Corregedoria Interna da Polícia Civil". Ao todo, as imagens mostram cinco pessoas tendo suas mortes sendo forjadas como autos de resistência.

De acordo com Martha Rocha, "para dar agilidade ao caso, a Corregedoria também assumiu a investigação dos cinco homicídios provenientes de auto de resistência. Laudos periciais e depoimentos serão analisados com rigor, assim como o tipo de armamento utilizado, o socorro aos feridos e a não preservação do local do crime. A Polícia Civil tem o mesmo interesse da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que é a busca pela verdade. O papel do policial é proteger vidas e agir dentro da lei. O princípio da Polícia Civil é prender e não matar".

Entenda o caso

A denúncia veio à tona depois do jornal Extra divulgar um vídeo filmado pelos próprios agentes. As imagens mostram policiais alterando a localização de corpos na cena do confronto, que terminou com cinco mortos. Caberá à corregedoria a decisão de afastar ou não os policiais envolvidos na operação durante as investigações.

A investigação estava em curso na 36ª Delegacia de Polícia, em Santa Cruz, bairro onde está localizada a comunidade. A Polícia Civil também instaurou sindicância disciplinar na corregedoria para verificar se houve o cumprimento da Portaria 553/2011, que regulamenta o auto de resistência.

A operação foi feita no dia 16 de agosto de 2012 e buscava o suspeito de tráfico conhecido como DG, motivada por dados reunidos pelo serviço de inteligência da polícia, inclusive por meio de denúncias anônimas. Segundo informações da Polícia Civil, os cinco mortos eram maiores de idade e atiraram contra os agentes. Três tinham passagem pela polícia.

No vídeo, no entanto, policiais dizem que um dos mortos estava desarmado e carregam seu corpo para o local onde estavam cadáveres armados. Os agentes também dizem que vão "socorrer" os suspeitos, apesar de terem reconhecido, pouco antes, na filmagem, que estavam mortos.

A Polícia Civil alega que os policiais socorreram os feridos levando-os para os hospitais próximos e acionaram a perícia de forma devida. Quatro pessoas foram presas e a operação apreendeu quatro fuzis, uma espingarda calibre 12, duas pistolas, quatro carregadores, 67 cartuchos, nove quilos de cocaína, 62,9 gramas de crack, 334 gramas de maconha, 42 frascos de solvente e R$ 981 em espécie.