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Moradores do Horto protestam no Ministério da Fazenda 

Três famílias já foram retiradas do bairro vizinho ao Jardim Botânico após decisão judicial

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Um grupo de 150 moradores do Horto, comunidade vizinha ao Jardim Botânico, além de integrantes de diversos movimentos sociais, manifestação na sede do Ministério da Fazenda, na Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro do Rio. Alguns representantes entraram no prédio para protocolar um pedido de regularização fundiária. A intenção é frear a onda de desapropriações na localidade. No início deste mês, três famílias tiveram que deixar suas casas diante de uma ordem de despejo expedida pela Justiça.

De acordo com a presidente da Associação de Moradores do Horto (Amahor), Emília Maria de Souza, os moradores vieram protocolar "um pedido de regularização fundiária da comunidade na secretaria de Patrimônio da União". 

Para a representante do grupo, "a questão do Horto envolve preconceito social,  porque quem começou uma campanha pela remoção dos moradores da área pobre foi a Associação de Moradores do Jardim Botânico". A retirada, por sua vez, deve-se ao fato de o bairro da Zona Sul "ser muito valorizado", dispara Emília, numa clara referência aos arranha-céus e mansões que ocupam o bairro do Jardim Botânico. 

A proposta inicial do Instituto Jardim Botânico, que administra o parque centenário, foi de levar as três famílias já retiradas de suas casas para o abrigo João XXIII e manter os pertences dos moradores em conteiners dentro do Jardim Botânico. No entanto, após uma negociação, os moradores conseguiram se mudar para casas no Centro e na Tijuca.

Por enquanto um processo do Tribunal de Contas da União (TCU) contra os moradores do Horto foi favorável ao TCU. No entanto, um recurso pedido pelos moradores está prestes a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal,  cujo relator é o ministro Joaquim Barbosa.

"Até a decisão do TCU, contrária aos moradores do Horto, ficou determinado que não deveria ocorreria remoção enquanto não houvesse a demarcação do parque. Por isso, as três remoções que já aconteceram são ilegais", ressalta Emília. 

Morador do Morro da Babilônia, outra comunidade da Zona Sul, André Luiz Abreu de Souza também participa de manifestação pela regularização fundiária do Horto.

"Nós que pertencemos à população pobre só valemos para servi-los (população da Zona Sul). Mas não servimos para morar perto deles. O que esquecem é que temos, sim, o direito de morar na Zona Sul, já que ajudamos a construir esta cidade", destaca o ativista.

O deputado federal Edson Santos (PT), que tem parentes vivendo no Horto, também integra comitiva que entrega a representação no Ministério da Fazenda, assim como o vereador Márcio Garcia (PR).