ASSINE
search button

Sindicato de vans ataca prefeito; coordenador defende reestruturação

Vans irão à Camara Municipal e ao Ministério Público nesta terça-feira (16) para protestar

Compartilhar

A proibição da circulação de vans na Zona Sul do Rio de Janeiro, decretada na última sexta-feira (12) pelo prefeito Eduardo Paes, iniciada nesta segunda-feira(15) causando diversos problemas no trânsito do Rio de Janeiro, teve resposta rápida dos representantes da categoria. José Guilherme Biserra, diretor jurídico do Sindicato dos Permissionários dos Serviços de Transporte de Passageiros e Comunitário do Município do Rio de Janeiro(Sindvans Rio), classificou o ato do prefeito como “uma vingancinha” do prefeito, a quem chamou  ainda de “autoritário e midiático”:

“O prefeito quer criminalizar o transporte complementar no Rio de Janeiro, e está buscando uma linha de confronto com a categoria. Restringiu o principal corredor do Rio de Janeiro, que é o da Zona Sul. São 1, 5 milhão de pessoas por dia que pegam o transporte alternativo”, destacou o diretor do Sindicato.  

A contestação da categoria começará amanhã na Câmara de Vereadores, às 14h, quando representantes das vans se reunirão com a frente parlamentar em defesa do transporte alternativo, presidida por Márcio Garcia(PR). Após a movimentação na Câmara, eles seguirão para a sede do Ministério Público estadual, no Centro.

Em entrevista à Bandnews FM na manhã desta terça, o delegado Cláudio Cruz, da Coordenadoria Especial de Transporte Complementar da Secretaria Municipal de Transportes, disse que o estupro de uma jovem americana por três homens dentro de uma van irregular de São Gonçalo que atuava em Copacabana não teria sido a principal causa da reação do prefeito. Biserra classificou a interpretação de Cruz como “uma mentira”:

“O que deveria é que deveria fazer fiscalização. Porque essa van pirata, emplacada em São Gonçalo e descaracterizada, fez transporte de passageiros por dois meses cometendo crimes? Isso depõe contra quem? questionou o representante da categoria. Contra a Polícia do Rio de Janeiro e a fiscalização, o problema não é do transporte alternativo”, disparou Biserra, que ainda criticou as duas únicas linhas de vans autorizadas na Gávea e na Rocinha, lembrando da condição do trabalhador que costuma pegar as vans: “A Zona Sul está cheia de hotéis, restaurantes, bares, e os trabalhadores moram aonde? Na Vieira Souto? Esse pessoal mora em Rio das Pedras, mora na Zona Oeste, na Rocinha. O pessoal precisa da van para vir e voltar para casa”, completou.

A prefeitura do Rio disse que não irá comentar as declarações de José Guilherme Biserra.

Delegado: “Função é reordenar” 

Ao visitar um dos 24 bloqueios realizados na cidade do Rio de Janeiro, na Leopoldina,  o delegado e coordenador de Transporte Complementar, Cláudio Cruz, defendeu a ação da prefeitura, que ele considera estar “desenvolvendo uma série de providências para reordenar o transporte alternativo na cidade do Rio de Janeiro”. Cruz adiantou ainda que a licitação das vans deve ficar pronta em maio:

“É um trabalho voltado para a licitação de linhas em todo o município, identificando o itinerário e o turno desse processo que está em andamento e deve ser finalizado agora em maio. Quando houver o resultado, os veículos terão obrigatoriedade de estar equipados com GPS e sistema de bilhetagem únicos, visando integração com outros modais”, explicou Cruz. O delegado deixou claro ainda que uma filosofia de trabalho está sendo construída para que as regras sejam efetivamente cumpridas.

>>>> Protestos contra proibição de vans tumultuam trânsito

Segundo o delegado, são seis mil veículos cadastrados na Secretaria. A estimativa é que haja o mesmo número de veículos irregulares, e a competição, segundo Cruz, causa “uma absoluta desarmonia e falta de condição para se lidar com o tráfego, o trânsito e outras questões. Finalmente, a respeito da utilização de vans pelas milícias em diversas áreas do Rio de Janeiro, o delegado declarou que o trabalho da coordenadoria cria dificuldades para os criminosos:

“A partir do momento em que são criadas e cobradas regras, disciplinado o transporte, surge um um dificultador. O relacionamento com o profissional do transporte é uma visão de exploração, de extorsão, quando feito por esses criminosos. O profissional da área, cadastrado e que ganhará o direito de fazer seu trabalho de forma legítima após a licitação, concorre com o profissional irregular que não tem preocupação com segurança e qualidade do transporte, alem de ser extorquido. Isso só traz desvantagem para a cidade e para o segmento”, finalizou.   

Até agora, foram apreendidas 7 vans no Itanhangá; um micro ônibus e dois ônibus em Laranjeiras; três vans e dois ônibus na Barra. Porém, todas essas ocorrências se deram por conta de outras irregularidades, e não estão diretamente ligadas ao objetivo principal da operação desta segunda-feira.

Mais cedo, duas vans foram paradas em Jacarepaguá, vindas de Rio das Pedras. As duas foram apreendidas por não apresentarem o contrato de locação previsto em lei entre a agência de turismo e a transportadora. A multa para cada apreensão é de R$ 1250,98, além de os carros serem recolhido para o depósito do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro(Detro). Representantes da categoria estão reunidos, neste momento, na frente da secretaria municipal de transportes, em Botafogo. Eles esperam um encontro com representantes da secretaria.