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Árvores vão abaixo na Nossa Senhora da Paz e assustam passantes

"Nós moradores queríamos a preservação da praça, o que não está ocorrendo", lamenta Sonia Castrioto

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A derrubada de árvores na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, por conta das obras da Linha 4 do metrô, continua tirando o sossego e até assustando moradores, trabalhadores e pessoas que passam pelo local. Nesta segunda-feira (11), pelo menos três árvores foram abaixo.

“Estava saindo da Casa e Vídeo (que fica em frente à praça, na Avenida Visconde Pirajá) e tomei um susto com a árvore sendo cortada do nada. É um absurdo porque estão tirando muito mais árvore do que foi dito na apresentação do projeto. O que nós moradores do bairro queríamos é a preservação da praça, o que não está ocorrendo. Não há necessidade de uma estação imensa”, afirmou a design de objetos e moradora do bairro, Sonia Castrioto.

De acordo com a agente de turismo Wania Carvalho, que trabalha em um dos prédios ao redor da Nossa Senhora da Paz, “é derrubada uma árvore por dia, em média”.

“Se não é diariamente, eles cortam quatro em um dia e ficam uns quatro ou cinco dias sem cortar. Mas isso é consequência. O problema é que não precisava de metrô aqui, mas já que é para fazer, que fosse bem feito, com preservação. Tenho história e fotos na praça desde a infância e, quando a olhei pela primeira vez após o início das obras, fiquei chocada”, criticou Wania.

Segundo a design, moradores de Ipanema, componentes do grupo Projeto de Segurança Ipanema, estão arrecadando dinheiro para contratar um perito para saber se as retiradas das árvores são, de fato, necessárias.

“Não podem cortar nada sem o aval do perito da obra. Mas o perito está do lado deles. Por isso estamos nos unindo para contratar um de fora da concessionária. Com uma sacola plástica, foram arrecadados R$ 10 mil em apenas um dia”, disse ela.

Liminar na Justiça

Ainda de acordo com Wania, existiria uma liminar na Justiça que impede a derrubada de árvores no local. O Jornal do Brasil tentou entrar em contato com a advogada que representa os interesses do grupo Projeto de Segurança Ipanema para saber mais detalhes do assunto, mas as chamadas não foram atendidas.

Outra que se assustou com a derrubada das árvores foi a dona de casa Maria da Conceição, que caminhava para buscar o filho na escola, durante a ação dos operários.

“Realmente assustador. Você passa pela calçada e, de repente, galhos e troncos vão abaixo. Na hora do corte, tinha uma fita isolando uma parte da calçada, prejudicando quem passava pelo local. Outro fator negativo dessa obra é o bafo quente na praça sem as árvores, o que não é bom para as crianças” afirmou a dona de casa.

Segundo outro morador, o jornalista Gilberto Menezes Côrtes, a desvastação chegou ao ponto de acabar com a sombra na calçada da praça, no trecho entre a Joana Angélica e o portão central da rua Barão da Torre. "Tudo porque as dezenas de Figueiras da Índia que dão sombra em volta da praça estão sendo atacadas por uma praga que pode dizimá-las. É uma espécie de musgo que vai asfixiando os brotos das árvores, provocando a queda dos galhos podres. O estrago maior é justamente no trecho devastado do interior da praça. Quem circula ao redor da praça deve fazê-lo com cuidado: muitos galhos mortos estão caindo com o peso da água das chuvas recentes sobre o bolo de troncos podres e musgo", recomenda.

*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil