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Jongo da Serrinha ganha centro em Madureira

Tia Maria do Jongo, 92 anos, estava como um "pinto no lixo"

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A Organização Não-Governamental(ONG) Grupo Cultural Jongo da Serrinha, que trata de manter viva a memória de uma das mais tradicionais atividades culturais cariocas, ganhou nesta quarta-feira (27) uma nova sede para suas atividades.

O prédio, abandonado, vai ser reformado, ao custo de R$ 2 milhões de dólares, e lá será construído um centro de atividades para as atividades do Jongo. A expectativa é que a reforma termine em 2014.

Em um pequeno pátio lotado, o prefeito Eduardo Paes e o deputado Robson Leite(PT), presidente da Comissão de Cultura da Alerj, observavam as atividades dos jongueiros, entre crianças e idosos.O Jongo é um ritmo trazido da África pelos escravos bantus durante o século XIX, e que influenciou na criação do que conhecemos como Samba. São utilizados violões, pandeiros, três tambores, chamados de Caxambus, e o Urucungo, um ancestral do berimbau usado na capoeira nos dias de hoje. O Jongo da Serrinha foi montado na década de 1960 por Darcy Monteiro, o "Mestre Darcy do Jongo.

O prefeito lembrou que a cidade do Rio de Janeiro é cheia de manifestações culturais muito relevantes, e ressaltou que, pouco antes, estivera em Olaria para inaugurar o Ginásio Experimental do Samba:

"O Jongo é tão forte que sobreviveu mesmo sem o respaldo do poder público. Isso é só uma mostra do quanto Madureira é especial, e o quanto nós temos que valorizar essa área. Não só a Portela e o Império Serrano, mas também o Jongo, que é muito tradicional e que hoje ganha um centro à sua altura", declarou Paes. O prefeito não deixou escapar a chance de imputar à sua administração as mudanças na cidade do Rio de Janeiro. "O Rio havia se perdido, se degradado, e agora está reencontrando o seu caminho. Eu tenho certeza que quando Madureira estiver bem, será um sinal de que o Rio inteiro está muito melhor", disse.

Leite, que levou o assunto ao prefeito após ser procurado pelos representantes do movimento, agradeceu Paes pela sensibilidade quanto ao assunto e lembrou que o Jongo é uma alternativa para as crianças:

"Trouxemos o poder público para que este valorizasse a produção cultural local, que é muito importante, referência até na competição com o próprio tráfico de drogas. A disputa pela atenção da juventude não se dá a bala, mas sim com políticas públicas", analisou.

Tia Maria do Jongo, de 92 anos e moradora da Serrinha por toda a vida, estava como "pinto no lixo", segundo ela mesma. "Antes, eu achava que nada ia acontecer, e hoje posso ficar tranquila que podemos fazer o Jongo continuar. Antes, se eu morresse, o Jongo iria junto comigo. Agora, as crianças podem fazê-lo seguir. Estou muito feliz", finalizou.