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Timoneiros, que homenageia Paulinho da Viola, recebeu Eduardo Paes com vaias

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O prefeito Eduardo Paes (PMDB) recebeu vaias de grande parte do público que compareceu à Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz, para prestigiar o bloco Timoneiros da Viola, neste domingo (3). Mas, ao andar em meio aos populares, também foi muito assediado e atendeu a diversos pedidos de fotografia.

As vaias puderam ser ouvidas quando o puxador de samba do Timoneiros, Rhychas, parou a música e anunciou a presença do prefeito – segundo ele “o melhor do Rio” – e pediu saudações para Paes. O prefeito tinha ao lado o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, que Sérgio Cabral tenta viabilizar como  candidato à sua sucessão.

Ao escutar os protestos, Rhychas afirmou que os presentes que vaiaram “estão enganados”. “Esse bloco só existe por causa do Paes. Vocês se esqueceram do Parque Madureira? Foi ele quem viabilizou tudo isso”, completou o puxador de samba.

A presença de Eduardo Paes no bloco ocorreu um dia após o prefeito não comparecer à missa de 7º dia celebrada ontem, aos pés do Cristo Redentor, em homenagem às vítimas do incêndio de Santa Maria, embora ele e o governador Sérgio Cabral, que também faltou, tivessem presença confirmada na cerimônia celebrada pelo arcebispo da cidade, Dom Orani João Tempesta.

“Estou aqui hoje porque essa é a maior manifestação cultural carioca, amém!”, disse o prefeito, em meio ao assédio de populares, para depois justificar a ausência na missa: “tinha uma reunião no mesmo horário”.

Ao lado do prefeito, o vice-governador Pezão explicou que a missa, realizada num sábado, “foi num dia de muito turista e a presença ia tumultuar a visita”. Animado durante o bloco, ele ressaltou que o Timoneiros tem uma importância especial, “pois sai num berço do samba, e como o (prefeito) Paes diz, é onde bate o coração do Rio”.

Volta aos primórdios do samba

O bloco Timoneiros da Viola, criado no ano passado, quando já ganhou o prêmio Serpentina de Ouro de Melhor Bloco de Rua do Carnaval 2012, homenageia o sambista e compositor portelense Paulinho da Viola, 70 anos. Em 2013, além de Paulinho, o bloco homenageia Nelson Sargento, 88 anos e Elton Medeiros, 82 anos, ao fazer uma lembrança ao Rosa de Ouro, grupo formado em 1965 que, além dos três homenageados, contava com Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Aracy de Almeida, Aracy Côrtes e Clementina de Jesus.

Nelson Sargento, que no próximo dia 9 tomará posse como presidente de honra da Mangueira, comemorou a lembrança antes de subir ao palco para cantar antigas músicas do Rosa de Ouro ao lado de Paulinho da Viola.

“Sinto que tudo de valor na vida, tarde ou cedo, vem à tona. Estamos em 2013 e ainda tem quem se lembre do projeto que lançou o Paulinho nacionalmente. Não podemos deixar de saudar o Elton (Medeiros), que ainda é vivo, mas que não pôde presenciar devido à sua saúde. Como diz a letra de Nelson Gonçalves, ‘me dê as flores em vida’, e eu estou recebendo”, disse, emocionado, Nelson Sargento.

Já Paulinho da Viola comentou a ascensão do carnaval de rua no Rio de Janeiro nos últimos anos que, segundo ele, não tirará o espaço das escolas de samba no coração dos amantes do carnaval.

“As coisas mudam e você tem que acompanhar. É claro que é diferente da minha época de criança, mas você tem que respeitar as pessoas que gostam, o tempo muda. A ascensão do carnaval de rua é muito bom porque teve uma época que ele estava morto, e os últimos anos mostram que as pessoas estão dispostas a retomar o seu espaço, que é na rua. Não acredito que isso tire a força das escolas de samba”, disse Paulinho.

Para o poeta e escritor baiano Jorge Salomão, o Rosa de Ouro teve uma importância pessoal na época da ditadura militar.

“Vi o Rosa de Ouro se apresentar em Salvador em 1965 ou 1966 e quando vi aquilo senti a luz de que nós brasileiros podíamos caminhar em frente, mesmo com a ditadura, que estava na sua pior época”, ressaltou Salomão.

*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil