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"Bom cristão sempre perdoa. Mas eu não me esqueci", diz Garotinho de Cabral

Presença de ex-governador e rival causa constrangimento a Sérgio Cabral

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A surpresa da cerimônia de posse do novo Procurador-Geral de Justiça, Marfan Vieira, ficou por conta da presença do ex-governador e hoje deputado Federal Anthony Garotinho, na sede do MP, na manhã desta quinta-feira(17). Ao ouvir o nome do desafeto e rival político ser chamado, o governador Sérgio Cabral ficou visivelmente constrangido. 

Além de Garotinho, Rosinha e a filha Clarissa, deputada estadual, também estavam na platéia. Ainda que tenha dito que não estava lá para "falar de eleições", Garotinho não se furtou a estocar o rival político, em uma estratégia de morde-assopra. Primeiro criticou, ao falar sobre as ligações de Cabral com Fernando Cavendish, da construtora Delta: "Há denúncias no meu blog não só sobre isso, mas sobre a saúde da população do Estado, sobre compra de remédios em paraísos fiscais, superfaturamento da UPA...entreguei tudo à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal", declarou ele, para em seguida aliviar. "Mas não é o momento de tratar desse assunto", rebateu, sem esconder o riso irônico.

Sobre o governador, Garotinho garantiu que não fala com ele desde "os dez primeiros dias de seu governo, em 2007". Assegura que ambos não se cumprimentaram antes da posse de Marfan Vieira. Mantendo o tom irônico, o ex-governador admitiu que "como um bom cristão, sou capaz de perdoar. Porém, ainda não esqueci". 

Como que a justificar sua falta, em seguida, explicou: "Perdoar é algo que você tira do coração, e esquecer é algo que você tira da memória. Eu ainda não consegui tirar da memória. Espere acabar o governo".

Constrangimento na cerimônia

Relaxado, Garotinho fez questão de explicar sua presença na cerimônia como um convite do próprio Marfan Vieira, que, segundo ele, foi procurador-geral de Justiça no governo de Rosinha Garotinho, mesmo cargo para o qual tomou posse pela segunda nesta quinta-feira (17). "Posso não ter agradado algumas pessoas, mas fui chamado como representante da Câmara Federal. Não me senti constrangido", continuou ironizando. 

Já Marfan Vieira, ao ser questionado sobre a presença do rival do atual governador, justificou a presença como "uma questão de cerimonial". Encerrando o assunto, acrescentou que em ocasiões como essas "não podemos discriminar ninguém".

O Governador Sérgio Cabral, como tem sido seu hábito, deixou a sede do Ministério Público sem falar com a imprensa.