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Após o fogo, escolas de samba sofrem com a agua na preparação dos desfiles

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A menos de um mês para o início do carnaval, nos galpões das escolas de samba do Grupo de Acesso Porto da Pedra e Alegria da Zona Sul, resquícios de um incêndio se misturam ao esforço dos componentes para aprontarem o desfile a tempo. 

Depois de atingidos pelo fogo em outubro passado, os galpões das duas escolas agora sofrem também com a água das fortes tempestade que atingem a cidade, por conta da precariedade dos tetos

No barracão da Alegria da Zona Sul, por exemplo, uma grande “piscina” no centro do barracão chama atenção. Responsável pela limpeza e também uma espécie de “faz-tudo” da agremiação, Elineide dos Santos, com a ajuda de um balde, retirava, sozinha, a água acumulada.

“Como está chovendo muito ultimamente, esse é um trabalho diário que venho fazendo, pois não posso deixar juntar a chuva de dois, três dias seguidos. Hoje, por exemplo, estou desde a manhã tentando tirar a água do chão”, explicou.

Segundo o Diretor de Carnaval da Alegria da Zona Sul, Flávio Mello, a escola de samba foi a mais prejudicada depois do incêndio de 31 de outubro, “pois o aval da liberação do galpão pela Defesa Civil só ocorreu há um mês”.

“Desde então, são 30 dias de muito esforço levantando as estruturas. Somos os mais atrasados e a maior dificuldade, além da falta de recursos financeiros, é a própria precariedade do galpão. Não temos teto, banheiro, almoxarifado, falta segurança noturna, a eletricidade está falhando. Estamos trabalhando ao relento”, desabafou Mello.

A situação, de acordo com o diretor de carnaval da Alegria da Zona Sul, só não foi pior graças ao apoio de um dos componentes da bateria da escola, que conseguiu disponibilizar um espaço em um depósito da empresa da esposa. Lá, eles puderam acelerar o processo de confecção das fantasias e alegorias, principal preocupação após o incêndio. Com isto, elas estão quase concluída.

“Hoje (quarta-feira, 16) iniciamos o processo de forração dos dois carros alegóricos que já estão em condições de receber as alegorias – entre eles o Abre-Alas-, confeccionadas no depósito cedido. Começamos a dar volume e cara de carnaval nos nossos carros”, ressaltou Mello, que garante: “Tudo estará pronto, e esse esforço vai nos dar mais garra e vontade de ganhar o direito ao acesso à elite”.

Porto da Pedra

A escola Porto da Pedra também reclama dos mesmos problemas estruturais: teto com buracos, falta de banheiros e salas. A grande perda da agremiação no incêndio ocorrido em 31 de outubro, segundo o carnavalesco Leandro Valente, foram os maquinários, principalmente de costura. Para sanar o problema de recursos, Valente usou a criatividade.

“É o luxo vindo do lixo. São materiais que dão um efeito especial, ou seja, parecem ser algo que na verdade não é. Por exemplo, usaremos folhas de coqueiro desidratadas que, depois de tingidas, terão um efeito de plumagem de faisão. A unidade de uma pluma de faisão custa entre R$ 70 e R$ 120. Com a confecção que fizemos, gastamos entre R$ 1 e R$ 1,50 em cada uma”, afirmou Valente.

O carnavalesco garante que apesar das dificuldades na preparação do Carnaval 2013 a Porto da Pedra desfilará no nível de algumas escolas do Grupo de Elite:

“Nosso objetivo é ganhar o acesso, voltar para a Cidade do Samba e, a partir daí, reconquistar o maquinário perdido e agregá-lo à criatividade”.

Apresentação do carnaval de rua

Na tarde desta quarta-feira (16) foi apresentado o esquema preparado pela prefeitura, através da Secretaria Municipal de Turismo/RioTur, para o carnaval 2013. De acordo com o secretario da pasta, Antonio Pedro de Mello, a novidade desse ano é o aumento de blocos que irão desfilar em bairros da Zona Norte.

“Tiramos alguns blocos de bairros tradicionais da Zona Sul, como Leblon, Ipanema e Copacabana e os realocamos. É uma maneira de espalhar a cultura do carnaval de rua do Rio, que vem crescendo a cada ano, para outras localidades, além da Zona Sul e Centro.

Outra preocupação do secretario é com os “mijões” de plantão. Ele ressaltou que este ano haverá 16.200 posições de banheiro, ou seja, que ficam fixos em determinado local durante todo o período de carnaval.

Em relação ao xixi, o cartunista Ziraldo, que participou da cerimônia ao lado do secretário de Turismo, sugeriu uma solução, no mínimo, polêmica: 

“Deveriam colocar uma vala nos muros da cidade ligadas diretamente ao sistema de esgoto. Homem, se sente vontade, faz na rua mesmo. Esse é um projeto que existe até em Bruxelas, na Bélgica. Agora, para as mulheres deveriam ser feitas parcerias com os donos de estabelecimentos”, opinou Ziraldo, meio sério e meio em tom de brincadeira.

*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil