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Lixo provoca guerra entre Bornier e Sheila Gama

População amarga montes acumulados nas ruas

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Os problemas na coleta do lixo em Nova Iguaçu, que já se acumula aos montes pelas ruas, são o pano de fundo para uma acirrada guerra política entre o atual prefeito Nelson Bornier (PMDB) e sua antecessora Sheila Gama (PDT). A questão suscita denúncias e acusações entre ambos, enquanto a população sofre as consequências e espera uma solução.

Logo ao assumir, Bornier suspendeu o contrato com a empresa Locar, firmado pela antiga prefeita em dezembro, alegando que os valores, aproximadamente R$ 3,25 milhões anuais, eram lesivos aos cofres da cidade. A equipe do peemedebista acusa Sheila Gama de ter ficado mais de 2 anos mantendo contratos de emergência, sem licitação, para a coleta de lixo no município. Os contratos sem licitação, ainda segundo a equipe de Bornier, seriam de quase R$ 4 milhões por mês.

Sheila Gama, por sua vez, se diz vítima de "jogo sujo" político por parte do adversário, que a derrotou no segundo turno das últimas eleições.

"Fizemos duas licitações do contrato do lixo. A Delta foi contratada, mas não pode seguir por conta dos problemas deles. Licitação demora, a Delta saiu a apenas três meses. Conseguimos concluir a nova licitação, que contratou a Locar, em dezembro. Não se faz isso em um mês. O Bornier é um mentiroso", retrucou.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) - cujo vice-presidente, Aluísio Gama, é marido de Sheila - afirma não ter analisado os contratos emergenciais de coleta de lixo, pois nenhum deles foi remetido para análise.

Bornier afirma que avisou a Locar de que contestaria o contrato feito pela antecessora. Mas Sheila afirma que a atitude teve como objetivo boicotá-la perante a população:

"Ele procurou o dono da Locar e falou para eles pararem de coletar o lixo, para deixar a cidade suja no final do meu governo. Ele está jogando sujo. Tem que trabalhar com respeito ao povo de Nova Iguaçu. Eu cheguei em uma situação muito pior e nem por isso fui para os jornais falar mal de quem veio antes e nem fechei a prefeitura para aparecer", acusou. Ela assume que deixou a prefeitura endividada, mas divide a responsabilidade com outros prefeitos: "Tem muita dívida, sim, mas também são dívidas do Lindbergh e até mesmo do Bornier. Eu paguei muita coisa e o restante vai ser pago pela prefeitura daqui para frente", afirmou.

"Transição aconteceu", diz ex-prefeita

Sheila Gama também refuta as acusações de que não teria permitido uma transição para o sucessor. Segundo Bornier, ela nem sequer chegou a atender um telefonema depois de perder a eleição. Ele também diz que sua equipe não teve acesso a nenhum dado da gestão anterior. No entanto, Sheila afirma ter inclusive documentos que comprovam reuniões e repasse de informações para a equipe do novo prefeito:

"Eu tenho papel assinado provando que fizemos reuniões, além de documento assinado mostrando que eles estiveram em várias secretarias e que os documentos solicitados foram entregues. A equipe dele esteve lá uma vez e nunca mais voltou, porque só queria trabalhar em janeiro. Até hoje há secretários meus que o ajudam a tomar pé das coisas na prefeitura, mesmo sem ter obrigação de nada", concluiu.