ASSINE
search button

Testemunha diz ter forjado vídeo que incriminou ex-líder da Rocinha

Compartilhar

O depoimento de uma testemunha ouvida nesta segunda-feira pode provocar uma reviravolta no caso de um ex-líder comunitário da Favela da Rocinha acusado de envolvimento com o tráfico de drogas. William da Rocinha foi preso em dezembro de 2011 após aparecer em um vídeo recebendo dinheiro do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem. Responsável pela divulgação do vídeo, a Polícia Civil apontava que o dinheiro recebido por William seria referente à compra de um fuzil empunhado por Alexandre Leopoldino, o Perninha, ex-funcionário da Casa Civil do governo do Estado, que também aparece nas imagens.

Em depoimento à Justiça, entretanto, uma testemunha afirmou que foi obrigada a editar o vídeo para incriminar o ex-líder comunitário. As informações são do Jornal Nacional, da TV Globo.

Preso por porte ilegal de armas e associação para o tráfico, William era, à época, líder comunitário e assessor parlamentar da vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB). Em diferentes oportunidades, o suspeito caiu em contradição ao falar sobre o destino do dinheiro recebido de Nem.

No primeiro depoimento, negou que tivesse recebido. Depois, disse ter pegado o dinheiro, mas devolvido após se arrepender. Em juízo, porém, disse que gastou na sua campanha política. Em sua defesa, William disse que havia sido obrigado a receber o dinheiro.

Nesta segunda-feira, cerca de um ano após a prisão do ex-líder comunitário, Flávio Henrique Moreira confirmou sua versão. De acordo com a testemunha, o autor das imagens é o também líder comunitário Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, morto em março.

Flávio contou que Feijão fez a gravação sem o consentimento de Nem e obrigou-o a editar o material. "A intenção, o tempo todo falando 'quero ver agora ele se safar dessa', era prejudicar o William", disse a testemunha. Segundo Flávio, o fuzil que supostamente estaria sendo vendido já estava no local antes de William e Alexandre chegarem.

A defesa de William e Alexandre pediu a revogação das prisões de seus clientes. A Polícia Civil, por sua vez, afirmou já saber que o vídeo havia sido editado, mas ressalvou que, mesmo que não se confirme a suspeita de venda de arma, o ex-líder comunitário cometeu outro crime ao aceitar o dinheiro do tráfico e gastá-lo.