Enquanto Botafogo (Zona Sul) pode ser considerado o bairro com o melhor padrão de qualidade de vida, a Zona Norte apresenta os piores índices, com destaque negativo para Maré, Ramos e Jacarezinho. Essa é uma das conclusões do balanço sobre a qualidade de vida na cidade do Rio de Janeiro, apresentado na manhã desta terça-feira (18) pelo movimento Rio Como Vamos.
"A Zona Norte está abandonada. Houve desinvestimento econômico, muitas indústrias abandonaram a região", apontou a presidente do movimento, Rosiska Darcy de Oliveira
O Sistema de Indicadores consolida informações e aponta as tendências de melhora, de estabilização e de piora nas áreas de Saúde, Educação, Violência, Trânsito e Meio Ambiente. Ao todo, são 83 índices coletados junto a Secretarias estaduais e municipais, Instituto de Segurança Pública, e Censo Escolar. Os dados apresentados ratificam as desigualdades cariocas.
No entanto, segundo Rosiska e, ao contrário do que pensa muita gente, as favelas e morros da cidade não são os locais que apresentam os piores índices.
"É comum acharmos que as áreas da cidade mais problemáticas são as favelas. Porém, os indicadores mostram que muitos bairros da Zona Norte têm as piores condições de vida. A Rocinha, por exemplo, apresenta melhores indicadores que muitos bairros", analisou.
De acordo com a presidente do Rio Como Vamos, os dados apresentados nesta terça-feira, referentes ao ano de 2011, trazem boas novidades no campo da Segurança Pública. Os crimes violentos fatais, por exemplo, indicador que envolve homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e latrocínio, registrou queda em grande parte dos bairros cariocas. Também houve queda nos homicídios de jovens entre 15 e 24 anos. Num período de cinco anos a incidência diminuiu 33 vezes.
"Sem dúvida alguma as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) têm influência direta na diminuição deste números", avaliou Rosiska.
Abandono escolar alarmante
No quesito Educação, segundo o Rio Como Vamos, há destaque para a melhoria da qualidade do Ensino Fundamental. O Ensino Médio, por outro lado, não foi bem avaliado. Na Cidade de Deus, por exemplo, que conta com uma UPP desde fevereiro de 2009, apresenta péssimos indicadores. Ali, o abandono escolar chega a alarmantes 86%.
"A distorção idade/série é o principal indicador do abandono escolar. Se a diferença entre a série e a idade chega a dois anos é sinal de que o aluno tende a abandonar os estudos. No Ensino Médio são cerca de cem mil alunos com essa relação distorcida", apontou Rosiska. "Cabe lembrar que os dados sobre Educação não evoluem de um ano para o outro. São necessários investimentos e novas políticas públicas para que sejam observadas melhorias".
De acordo com a presidente do Rio Como Vamos, o índice de mortalidade infantil apresentou queda considerável. Para Rosiska, a melhoria no indicador pode ser explicada pelo aumento do Programa Saúde da Família, que nos nos últimos quatro anos teve sua cobertura ampliada de 3,5% para 33% da população.
"O ideal é 100%. Apesar do percentual ainda ser baixo, a cobertura teve um aumento significativo", disse. "Os governos estão voltados para a saúde preventiva, e o Programa de Saúde de Família está diretamente relacionado".
Os dados sobre Saúde mostram, também, que as regiões com maior incidência de dengue na cidade são Rio Comprido, Santa Teresa, Centro, Santa Cruz, Rocinha, Ilha de Paquetá e Guaratiba.