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Na Praia de Copacabana, ONG faz protesto contra alto índice de homicídios

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A Praia de Copacabana foi palco, na manhã desta quarta-feira (5), de mais um protesto contra o alto índice de homicídios no Brasil. A ONG Rio de Paz realizou uma manifestação em frente à Avenida Princesa Isabel. Dez voluntários chegaram às 4h30 da manhã para estender na areia um imenso lençol vermelho de 50 metros de comprimento por 7 metros de largura, sobre o qual foram lançados meio milhão de grãos de feijão - sendo 350 mil pretos e 150 mil brancos - simbolizando o número aproximado de pessoas assassinadas no Brasil nos últimos 10 anos.  

"Segundo o mapa da violência no Rio de Janeiro apresentado na semana passada, entre 2001 e 2010, meio milhão de assassinatos aconteceram na cidade. Isso dá uma média de 137 homicídios por dia. O Brasil está em sexto lugar na estatística dos países mais violentos do mundo", informou Antônio Carlos Costa, fundador do Rio de Paz .  

O objetivo é solicitar ao poder público brasileiro, através de audiência com o Ministro da Justiça, a implementação de cinco medidas essenciais para a diminuição das mortes violentas no Brasil: a reforma e valorização da polícia; a reforma do sistema prisional; o estabelecimento de metas de redução de homicídio para todos os Estados; a transparência e celeridade na apresentação das estatísticas estaduais de mortes violentas; e políticas públicas para as comunidades pobres.

"Queremos que o ministro José Eduardo Cardozo aceite nossas cinco reivindicações: a primeira é a reforma da polícia. É preciso deixar o bom policial trabalhar numa estrutura moderna e limpa. Policiais que trabalham na área ostensiva e investigativa não podem viver como a torcida do Flamengo e a do Vasco. Precisam se unir, se articular. O segundo ponto é a reformulação do sistema prisional. É necessário que ofereçam uma condição digna para o preso para que haja paz, não só fora, mas também dentro dos presídios. Já a terceira reivindicação é quanto ao fato de todos os estados deverem estabelecer, claramente, metas de redução de homicídios. Nosso penúltimo desejo, é que haja apresentação de estatísticas de violência no Brasil de forma transparente e rápida. E o quinto pedido é que criem uma política pública para os pobres. Para garantirmos a paz, é necessário se atentar para os pobres do país", afirma Antônio Costa. 

O fundador também ressalta que o preconceito contra negros e a falta de oportunidades aos pobres continua influenciando os homicídios do País. "Para cada um branco que morre, há 2,3 óbitos de negros. E muitos jovens. O gráfico cresce a partir dos 12 anos e só volta a cair consideravelmente depois dos 30", diz ele.

“Três fatores foram decisivos para realizarmos a quarta manifestação pública no decurso de uma semana em três cidades de diferentes Estados: as mortes em São Paulo, a divulgação semana passada do Mapa da Violência com seus números inaceitáveis e o desejo de sermos ouvidos pelo ministro da Justiça a fim de apresentarmos a ele nossas reivindicações. Nós não vamos dar descanso a nós mesmos enquanto não virmos o direito à vida ser assegurado no Brasil. Enquanto este dia não chega, continuaremos nas ruas protestando, sempre de modo pacífico, usando as armas da criatividade, e portando nas mãos a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Se não formos ouvidos agora, nossa próximo protesto será em Brasília”, finaliza.