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‘Movimento 31 de julho’ faz passeata na orla do Leblon e de Ipanema

Manifestantes apoiam e parabenizam condenações no julgamentodo Mensalão

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Cerca de 70 pessoas participaram, na  manhã deste domingo, de uma passeata na orla do Leblon e Ipanema, promovida pelo Movimento 31 de Julho contra a corrupção e a impunidade, em apoio à conduta do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ação penal 470, o mensalão.

Com cartazes onde se lia “Pega ladrão”, “Valeu, STF”, “O Brasil mudou, a pizzaria fechou”, entre outros dizeres, os participantes destacaram a atuação do ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, assim como os demais envolvidos nas investigações de corrupção.

Integrantes do movimento venderam 50 máscaras do ministro Joaquim Barbosa para a população, que foi se integrando à passeata ao longo do caminho. Além disso, os representantes do 31 de julho expunham um cheque gigante fictício do banco “171”, da agência “13”, no valor de R$ 153 milhões de reais, assinado por “Lalau da Silva”. O valor, segundo os membros do movimento, seria a quantia que deverá ser devolvida ao governo, pelos políticos que participaram do mensalão.

Porta-voz do grupo e jornalista, Altamir Tojal falou sobre a origem e o objetivo daquela passeata: “Nós somos pessoas que, em vez de ficarmos só reclamando dos políticos, resolvemos melhorar a situação política do nosso país. A primeira passeata do grupo foi realizada no dia 31 de julho de 2011, após ter saído um artigo no jornal El País dizendo que, no Brasil, havia muita corrupção, impunidade e que, mesmo assim, os brasileiros não protestam, não vão às ruas lutar pela política do seu país. A partir disso, um grupo de amigos resolveu criar essa campanha – difundindo pela internet e através da imprensa – que começou lutando pelo reconhecimento dos poderes do Conselho Nacional de Justiça, em apoio às ações da ministra Eliana Calmon”, contou ele.

A campanha, segundo Altamir, continuou defendendo a constitucionalidade da Lei Ficha Limpa e, depois, a marcação da data do julgamento do mensalão. “Há seis meses ninguém acreditava que o julgamento ia acontecer. Também não esperavam que os políticos fossem condenados e, agora, nosso desejo é que eles sejam presos e haja a devolução dos R$ 153 milhões roubados”, disse.

De acordo com Marcelo Medeiros, que também integra o movimento, uma das prioridades do grupo é que este estimule uma atitude “mais republicana e democrática do Poder Judiciário, no Brasil, que é muito duro com os pobres e protege os poderosos da sociedade”.

Outro tema abordado pelos manifestantes são as denúncias contra a construtora Delta que, segundo eles, “estariam sendo varridas para debaixo do tapete, junto com a CPI do Cachoeira”.

Utilizando o microfone do carro de som, Marcelo Medeiros convocou a população para se engajar no movimento: “Da sua ignorância política, do seu desinteresse, é que nascem os assaltantes e os políticos corruptos, pilantras e safados”, declarava o manifestante. “Parabéns, Carmem Lúcia, Rosa Weber, Marco Aurélio de Mello, a procuradoria, a polícia federal e até o Ricardo Lewandowski. Sem ele, não haveria julgamento, pois foi a partir da declaração dele, de que não haveria julgamento e que quando houvesse os crimes já teriam sido prescritos, que nós nos movimentamos com o abaixo-assinado para marcarem a data do julgamento”, concluiu em tom de ironia.

O povo tem voz e democracia na praia

Uma mulher invadiu a passeata gerando controvérsia entre os participantes. Salete Cesconeto afirmava que os políticos do PT não deveriam ser condenados e que todos os partidos deveriam ser julgados por corrupção, e não apenas um. “Não sou contra o movimento. Sou contra a hipocrisia deles e dessas madames que acham certo escolherem a dedo os políticos condenados. Há diversos partidos que praticaram ações iguais ou piores que este e os casos foram engavetados. Em São Paulo, o PSDB está podre. A direita está cheia de podridão e eles não percebem isso”, disse a mulher.

Wall Lyra, de 40 anos, andava de skate na orla do Leblon quando a manifestação começou. Ele juntou-se à passeata rapidamente. “Acho que este movimento é um início para que não dê em pizza novamente. É um grande passo. Só falta mesmo a união da população”, disse.

A ciclista Luiza Almeida, de 56 anos, também apoiou a manifestação: “Quando um cidadão tem orgulho de ser brasileiro, tem que ir à rua. Além disso, é necessário que os estudantes se integrem a essa causa. Há pouca gente jovem aqui”, observou.

João Bosco, de 70 anos, lamentou a pequena participação da população: “É pouca gente. Quando vem a marcha da maconha ou a parada gay, a praia lota, mas na hora de defender uma causa importante como essa, vem essa mixaria”, criticou.