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Usuários de crack voltam às linhas de trem do Jacarezinho

Após migrarem para diversos pontos da cidade, usuários retornam à favela pacificada

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Os usuários de crack que a Prefeitura Municipal recolheu das linhas de trem nas proximidades de Jacarezinho no início da pacificação daquela comunidade, já estão de volta ao seu antigo habitat. Nesta quarta-feira(17), tres dias após a polícia ocupar a comunidade, o Jornal do Brasil flagrou os usuários no antigo local em que ficavam, sem serem incomodados até as 13h.

 A volta dos usuários à área de origem causa questionamentos sobre o trabalho desenvolvido pelos servidores da Secretaria Municipal de Assistência Social e do poder público no acolhimento e recuperação dos dependentes em crack. 

Na segunda-feira (15), um grande número de usuários foi visto nas imediações da Avenida Brigadeiro Trompowski, um dos acessos à Ilha do Governador. Era o chamado fenômeno de "migração do crack", no qual eles circulam por áreas onde o tráfico ainda é forte na cidade do Rio de Janeiro e, consequentemente, fica mais fácil conseguir a droga.  

 Entre os principais destinos escolhidos pelos usuários estão a favela do Parque União, no Complexo da Maré, e o Morro do Cajueiro, em Madureira. Na primeira, só nesta quarta-feira (17) foram recolhidos 67 dependentes da droga. 

"Taxa de sucesso ainda é muito baixa"

 A Diretora de Abordagem Social da Secretaria Municipal de Assistência Social, Daphne Braga, já declarou que a Secretaria irá instalar um posto itinerante para atender os dependentes de crack em uma clínica da família, localizada na avenida Dom Hélder Câmara. A iniciativa contará com uma equipe multidisciplinar:

"Chamamos isso de Centro de Referência Especializada de Assistência Social Itinerante. Um ônibus será instalado ali, e teremos a presença de assistente social, psicólogos e técnicos de enfermagem", explicou Daphne, que adiantou que o horário de atendimento será de 9 às 17h, de segunda a sexta-feira.

Segundo a especialista, o fenômeno da migração do usuário de crack também envolve uma identificação com o local, e ressaltou que o adulto tem o direito de ir e vir, dificultando ainda mais o tratamento e acolhimento. E fez ainda um alerta:

"Cada usuário tem de ter um tratamento individualizado, e não podemos esquecer também da educação. É um elemento importantíssimo na recuperação de um usuário dessa droga. A taxa de sucesso, infelizmente, ainda é muito baixa", finalizou.