Será sepultado nesta terça-feira, às 10h, no Cemitério de Vila Rosali, em São João de Meriti, o corpo de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, morta após uma estagiária de enfermagem ter aplicado uma mistura de leite com café em sua veia, no Posto de Atendimento Médico (PAM) do município.
A denúncia foi feita por familiares da idosa. O caso ocorreu neste domingo.
A estagiária e as enfermeiras supervisoras de estágio e de plantão na unidade de saúde foram afastadas de suas funções.
A polícia informou que a estagiária que cometeu o erro tem 23 anos e atuava no PAM há apenas um mês. O nome dela não foi divulgado.
No fim de setembro, a polícia abriu inquérito para investigar a morte da aposentada Ilda Vitor Maciel, de 88 anos, que teve sopa aplicada na veia do braço direito em vez de medicação, na Santa Casa de Barra Mansa.
E o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro vai entrar na justiça nesta terça-feira para obter a documentação referente às mortes ocorridas em Barra Mansa e em São João de Meriti.
A fiscalização do Coren-RJ aguardou a entrega dos documentos (livro de ordens e ocorrências, prontuário da paciente e escala de horários) pela Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa – o hospital ainda retém os documentos, por orientação do departamento jurídico da instituição, e apenas informou o nome da profissional que teria cometido a infração.
Para São João de Meriti, o Conselho enviou dois fiscais que se reuniram com a enfermeira responsável técnica e com os diretores administrativo e técnico. Mais uma vez, a instituição não entregou os documentos para a análise da ocorrência, pelos fiscais do Coren-RJ. A enfermeira responsável técnica não informou o número e os nomes dos estagiários e de profissionais; não identificou os enfermeiros supervisores e preceptores. Também não forneceu os cursos com que mantém convênios para estágios.
A enfermeira apenas assegurou que havia um enfermeiro e dois técnicos de enfermagem lotados na sala de repouso feminina naquele domingo, e que estes foram afastados de suas atividades. Segundo a própria profissional, ela é a enfermeira responsável pelo PAM e pela coordenação geral de enfermagem do município de São João do Meriti.
Segundo a fiscalização, o PAM de São João de Meriti acumula desde março de 2011 uma série de irregularidades, tais como ausência de sistematização da assistência de enfermagem (SAE), inexistência da certidão de responsabilidade técnica da enfermeira chefe; presença de estagiários de cursos técnicos de enfermagem, sem a supervisão direta do profissional enfermeiro preceptor, contrariando a Resolução 371/11 do Cofen, chegando a ter alguns alunos em atendimentos domiciliares, sem a atuação direta do enfermeiro supervisor.