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Milhares de crianças comemoram seu dia no Maracanã

Garotada, de comunidades pacificadas, se divertiu com shows e atividades esportivas

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Este dia 12 de outubro foi diferente para 4.500 jovens de 8 a 12 anos, moradores de 29 comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. Eles participaram na manhã desta sexta (12) do evento UPP Criança, no Maracanã, realizado pela Firjan, por meio do Sesi Cidadania e em parceria com o Governo do Estado. O público infantil se divertiu em oficinas de vôlei, teatro, atividades recreativas e shows musicais.

Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci. E poder me orgulhar, ter a consciência que o pobre tem seu lugar”. Estes são os versos do Rap da Felicidade, que as crianças cantavam em alto e bom som, durante o show de funk. De acordo com os pequenos, esta realidade se torna possível a cada dia com as UPPs.

Marinalva Nunes da Silva, de 35 anos, explica que depois de pacificada, a comunidade de Santa Marta, onde mora, melhorou em tudo. “Agora as crianças fazem muitas coisas que antes não podiam, por causa da presença dos bandidos. Este evento de hoje é maravilhoso, aproveitei com meus filhos, que brincaram muito. O tráfico não acabou, mas pelo menos não há mais traficantes armados nas ruas”, comemora a moradora da comunidade Santa Marta. Marinalva ainda acrescenta, cheia de orgulho. “A major Pricilla Azevedo é madrinha da minha filha mais velha. Fico muito feliz em ver o trabalho das UPPs”.

Organização da festa

Participaram da ação crianças das seguintes comunidades: Adeus/Baiana, Alemão, Andaraí, Babilônia/Chapéu Mangueira, Borel, Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, Chatuba, Cidade de Deus, Coroa/Fallet/Fogueteiro (Catumbi), Escondidinho/Prazeres, Fazendinha, Fé/Sereno, Formiga, Jardim Batam, Macacos, Mangueira/Tuiuti, Nova Brasília, Parque Proletário, Providência, Rocinha, Salgueiro, Santa Marta, São Carlos, São João/Quieto/Matriz, Tabajaras/Cabritos, Turano, Vidigal/Chácara do Céu, Vila Cruzeiro e Morro Azul.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, esteve presente no evento e ressaltou sua importância. “Há pouco tempo estas crianças estavam proibidas de estar em um mesmo espaço, pois havia um comando déspota que impedia isso. Hoje elas podem estar aqui, todas juntas, se divertindo”, festejou ele.

“Poucas vezes tivemos a chance de realizar um evento como esse, no qual as crianças recebem paz, carinho, alegria, podem fazer atividades esportivas e se divertirem. Estamos fazendo a principal atividade de qualquer polícia. Proteger vidas e ajudar na integração da sociedade”, defende o coordenador de Polícia Pacificadora, coronel Rogério Seabra, que também estava no local.

José Francisco Pelka, gerente do Sesi Cidadania, explica que a parceria com o Governo do Estado começou em 2010. “A ideia inicial deste ano era fazer eventos em cada UPP. Então se decidiu reunir as comunidades neste estádio. Com este evento as crianças podem enxergar os policiais como amigos, e não como algo prejudicial”, afirma Pelka.

Brinquedos infláveis, aulas de capoeira, teatro, jogos de futebol fizeram a alegria da garotada. O jogador de vôlei Bruninho, a banda de rock Fleeting Circus, o grupo de funk Os Havaianos e Swing Simpatia, conjunto de pagode, animaram o dia.

Moradora da Cidade de Deus, Luana Ferreira, de 30 anos, levou seus dois filhos para o UPP Criança, e diz que se divertiu junto a eles. “Aproveitei muito. Graças às UPPs estes eventos são possíveis.”  Ela explica que a pacificação deu chances que os moradores não tinham. “As crianças têm liberdade para se divertir. Agora meus filhos tem acesso à Internet, curso de informática, escola de futebol e balé”.

Vitória dos Santos, de 12 anos, que reside na Cidade de Deus, aproveitou muito as atividades. Com o rosto pintando após sair da oficina de teatro, ela conta que antes da chegada da UPP, mal podia sair de casa por causa dos bandidos. “Hoje eu posso brincar na rua. Tem policiais e a gente se sente protegida”, conta a jovem.

Com 10 anos, a moradora da Mangueira, Ana Beatriz Nazareth, diz que também se sente mais segura depois da pacificação. “Posso brincar de corda, queimado, andar de bicicleta até tarde na rua. Não tem mais bandido mostrando arma”.

* do Projeto de Estágio do JB