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Niterói sofre com aumento de roubos a residências

Beltrame anunciou pacote de medidas que não saiu do papel

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O aumento dos assaltos a residência em Niterói volta a assustar os moradores da cidade. Em abril – em resposta a uma onda de arrastões, roubos à residência e uma série de homicídios – o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, anunciou um pacote de medidas para combater a criminalidade na cidade. Seis meses depois, boa parte das medidas não saíram de promessas.

Os moradores da Região Oceânica seguem amedrontados por conta dos recorrentes casos de assaltos a residências e pela característica violenta dos ataques.  Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que a região registra o maior número de assalto a residência do município, respondendo por cerca de 30% dos casos. Ainda assim, as medidas para atender a localidade não saíram do papel.

>> EM ABRIL: Aumento no número de assaltos a residências tira a paz da população

Entre as ações anunciadas em abril pelo secretário de Segurança estavam a transformação da 81ª DP (Itaipu) em Delegacia Legal; o reforço com cerca de 300 policiais, sendo 200 recém formados, e a criação de uma base de Polícia Montada na Região Oceânica, que ficaria pronta em 15 dias.

“Como Niterói estava fragilizada com a onda de violência, o Beltrame tirou da cartola essas medidas que, naquele momento, agradaram a todos. Notamos o reforço, mas depois voltou a ser como antes”, lamenta o presidente do Conselho Comunitário da Região Oceânica (CCRON), Guilherme Flach.

No último dia 27, uma família foi rendida em Piratininga, na porta de casa, por homens armados que os fizeram de reféns. Os moradores foram amarrados em um quarto enquanto os bandidos roubavam os pertences da casa. Como este crime tem a característica de as vítimas serem abordadas na porta de casa, o aumento no policiamento ostensivo das ruas seria a uma forma mais eficaz de evitá-lo.

A Polícia Montada atuaria no policiamento ostensivo, justamente para combater este tipo de crime. O destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) de Piratininga recebeu os cavalos e os policiais começaram a usá-los no patrulhamento da região. O problema é que, por falta de planejamento, os animais foram abrigados em um celeiro improvisado e inadequado ao lado do DPO, de onde tiveram de ser retirados no início de junho.

“Não havia cobertura, os cavalos estavam sendo castigados ali. Agora, é importante estar pronto em novembro, quando a praia inflama. Se isso não acontecer é um trabalho desperdiçado”, admite um sargento do DPO de Piratininga. O sargento afirmou que um celeiro  está sendo construído no Iate Clube Piratininga e estaria em fase avançada, mas não soube informar quando estará concluído.

A instalação de uma Delegacia Legal onde funciona a 81ª DP também não começou. A dificuldade da prefeitura é encontrar um espaço para os policiais trabalharem enquanto as obras acontecem.

Outra queixa é a retirada dos policiais que vieram reforçar o batalhão de Niterói. Quando o reforço foi anunciado, os 200 policiais recém-formados fariam estágio prático e operacional por tempo indeterminado na cidade, o que também não aconteceu.  O presidente do CCRON critica a rápida saída destes policiais para atuarem no Rio:

“Naquele momento houve o reconhecimento de que Niterói precisava de um reforço. Ele mandou esse pessoal que se formava e pouco a pouco foram sendo retirados e mandados para o Rio, para as UPPs”.

Funcionamento provisório

De acordo com o delegado titular da 81ª DP, Gabriel Ferrando, a subprefeitura regional de Piratininga cedeu um imóvel para que a unidade funcione provisoriamente durante as obras para a instalação do programa Delegacia Legal na unidade. Ele aguarda a autorização da secretaria de Engenharia para ocupar o imóvel cedido. Policiais que trabalham lá, entretanto, afirmaram que as obras na Delegacia Legal devem ter início no próximo mês.

A Polícia Militar informou que as obras do local que servirá como base da Polícia Montada estão em andamento e serão concluídas até o fim do ano.

Informou ainda que o batalhão de Niterói recebeu o reforço de 180 policiais trabalhando através do Regime Adicional de Serviços (RAS), em esquema de contratação temporária. Cerca de 50 policiais formados no CFAP também foram deslocados para estágio na cidade, substituindo a atuação de PMs do Batalhão de Choque que estavam em Niterói, além dos 465 PMs trabalhando pelo Proeis para a Prefeitura Municipal de Niterói.

Destacaram também que o 12º BPM vem atuando intensamente no combate à criminalidade no município. Segundo informaram, em agosto deste ano caiu o número de roubos, furtos, roubos de veículos e homicídios, com relação ao mesmo mês do ano passado.

* Do projeto de Estágio do Jornal do Brasil