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Polícia faz perícia em parque onde jovens foram assassinados

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Policiais da 53ª DP (Mesquita) fazem, nesta quinta-feira, uma perícia complementar na cachoeira do Parque de Gericinó, em Mesquita, na Baixada Fluminense, onde os seis jovens assassinados desapareceram no último fim de semana. Eles foram torturados e mortos por traficates da Favela da Chatuba. Ontem, policiais encontraram no local duas facas com possíveis marcas de sangue, peças de roupas e cocaína. 

Também nesta quarta-feira, um novo suspeito de envolvimento na morte dos seis jovens no Parque do Gericinó foi apresentado na 53ª DP. Daniel Dias dos Santos, de 23 anos, é apontado por familiares das vítimas como um dos traficantes envolvidos na chacina.

>> Operação na Favela da Chatuba apresenta novo suspeito

O suspeito, porém, alegou inocência de qualquer envolvimento na chacina da Chatuba. "Encontraram 19 kg de maconha na minha casa. Não são meus, algum traficante colocou tudo ali escondido de mim e da minha mulher. Fomos presos eu, minha mulher e meus primos, enquanto o traficante que fez isso está solto. Não sei absolutamente nada sobre a morte dos jovens", afirmou Santos.

Segundo o titular da 53ª DP, Júlio da Silva Filho ele, Daniel Santos foi reconhecido por um dos familiares como um dos traficantes que já sabia da morte dos adolescentes quando eles ainda estavam desaparecidos:

"No dia em que os familiares estiveram no local do crime para procurar pertences dos jovens ele estava com um rádio de comunicação, passando informações para seus comparsas. Isso mostra um claro envolvimento com este caso", apontou o delegado. Perguntado sobre o pedido de Beltrame à Corregedoria da Polícia Militar para que averiguasse a má conduta de policiais militares na Chatuba, Silva Filho desconversou: "Nada foi passado para nós. Nenhum morador fez qualquer reclamação à delegacia sobre roubos ou má conduta de policiais aqui na região", disse.

Apreensões e reconhecimento

O dia seguinte à operação na favela da Chatuba foi de duas grandes apreensões. Os familiares das vítimas foram à 53 DP, em Mesquita, e fizeram o reconhecimento de pertences dos jovens assassinados no último final de semana.

A primeira foi um grande volume de fogos de artifício encontrado na casa de Roberto Machado, de 72 anos, detido pelos policiais e encaminhado à delegacia. O idoso alegou que todo material seria para seu uso exclusivo, mas os oficiais chegaram à casa de Machado com informações de que haveria bandidos escondidos em sua casa, no bairro de Santa Teresinha, na favela da Chatuba. 

Em seguida, foram apresentados diversos componentes de materiais de endolação de drogas, facões, facas e tesouras. Além disso, uma camisa com traços de sangue foi levada à delegacia, encontrada em um dos acampamentos mantidos pelos bandidos no Parque do Gericinó, em Nilópolis. Todo o material será encaminhado para análise pericial.

Barbaridade

A maior parte dos familiares saiu rapidamente da 53 DP, sem dar entrevistas. Para Rubens Marinho, amigo das famílias das vítimas, a tragédia é apenas um reflexo do aumento da violência na Baixada Fluminense:

"Conheço os pais de todos os jovens e eles nunca se envolveram com nada. Depois que fizeram as UPPs no centro do Rio a violência aumentou muito em nosso município, com roubos de motos e assaltos. Moro em Nilópolis e é a primeira vez que coisas assim acontecem tão perto da gente, uma barbaridade dessas. Foi preciso chegar ao ponto que chegou para que a segurança melhorasse por aqui", lamentou.

A mãe de um dos rapazes presos na operação nesta segunda-feira (10), que não quis se identificar, frisava a inocência do filho:" A Loura (uma das presas na segunda-feira e parte integrante do tráfico de drogas na região) tinha prometido um serviço para ele, e estava com os documentos do meu filho. Quando ele foi buscar na casa dela, a polícia chegou e um dos rapazes que estavam na casa disse que a droga encontrada lá era de todos", contou ela, que já teve outro filho morto há seis meses em uma batida policial na favela. 

José Aldecir da Silva, pai do rapaz desaparecido desde sábado (8), também foi à delegacia. Ele garantiu que não tem medo de morrer após denunciar os possíveis autores do crime: "Remilton Moura da Silva Júnior, conhecido como " Juninho Cagão", de 30 anos, e "secretário" de Remilton." Segundo ele, o primeiro teria atirado no filho, e o segundo teria enterrado o corpo em local desconhecido. 

" A gente está aqui para morrer. Já denunciei e agora vou até o fim, até achar o corpo do meu filho. Tirei minha família daqui e agora vou sozinho nessa busca. Depois de tudo acabar, vou sair daqui. Vai ficar complicado para mim", reconheceu.