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Desvio de recursos da Prefeitura de Guapimirim chega a R$ 48 milhões

Para se livrar de investigação, grupo ofereceu "mensalão" para policiais da DRACO-IE

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Nos quatro anos que Renato Costa Mello Júnior, o "Junior do Posto", esteve à frente da Prefeitura de Guapimirim, foram desviados pelo menos R$ 48 milhões dos cofres daquele município. A informação é do delegado Alexandre Capote, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO-IE).

Segundo cálculos da DRACO, o grupo, formado por uma candidata à Prefeitura de Guapimirim, pelo atual prefeito do município, pelo chefe do setor de licitações da Câmara de Guapimirim e de "laranjas", conseguia desviar mais de R$ 1 milhão de recursos por mês.

As investigações começaram há sete meses, com uma denúncia do vereador Oswaldo Vivas. Ainda no ano passado, a investigação iniciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro passou a contar com o apoio da DRACO. Com o delegado adjunto, Roberto Leão, infiltrado junto aos integrantes da quadrilha, foram obtidas provas da ação criminosa, como documentos, gravações de áudio e de vídeo.

Quarenta e cinco dias de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelaram detalhes das fraudes, como o superfaturamento na locação de carros usados pela Prefeitura daquele município. Um automóvel modelo Kadett, ano 93, era alugado por R$ 7 mil mensais. Deste valor, apenas R$ 1 mil eram pagos ao proprietário do veículo. Os outros R$ 6 mil eram encaminhados ao Caixa 2 do bando.

De acordo com o subprocurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, a infiltração de um delegado da DRACO na quadrilha foi peça chave para a obtenção de provas contra os investigados no esquema.

"Vamos continuar investigando. Nesta segunda etapa, vamos descobrir para onde foi enviado todo o dinheiro desviado. A intenção é apurar se houve lavagem de dinheiro", destacou. 

No último dia 27 de julho, um grupo de policiais fingiu aceitar a propina de R$ 800 mil, e filmou toda a ação. O dinheiro foi entregue pelo próprio presidente da Câmara de Vereadores de Guapimirim, "Marcelo do Queijo", em um posto de gasolina daquele município. Os integrantes do bando prometeram aos agentes o pagamento mensal de R$ 20 mil, a partir do mês de janeiro, caso a candidata Ismeralda Rangel Garcia fosse eleita. A mensalidade serviria para os agentes fazerem vista grossa para o esquema.

Nas residências da candidata à Prefeitura Ismeralda Rangel, do presidente da Câmara, "Marcelo do Queijo", e do prefeito "Júnior do Posto" foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em joias e outros objetos. Entre as apreensões estão relógios de marca, colares que seriam de diamantes, muitas notas de real, além de três revólveres. 

Continuam foragidos o presidente da Câmara de Vereadores de Guapimirim, "Marcelo do Queijo", o segurança Ronaldo Coelho Amorim, além de Ivan Azevedo, um dos "laranjas". Cerca de 80 pessoas continuam sendo investigadas por suspeita de envolvimento no mesmo esquema. 

Vereadores receberiam "mensalinho"

O Grupo de Ações Táticas do Ministério Público (Gaeco) investiga a informação de que além do envolvimento do presidente da Câmara de Vereadores, "Marcelo do Queijo", o atual secretário de Governo, Isaías da Silva Braga ("Zico"), o chefe do setor de Licitações da Prefeitura, Ramon Pereira da Costa Cardoso, e outros vereadores receberiam uma mensalidade para não delatarem o esquema criminoso.