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Polícia deflagra Operação Catedral contra jogo do bicho e corrupção policial

Estão sendo cumpridos 24 mandados de prisão, nove deles contra policiais

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Agentes da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) deflagraram nesta manhã a Operação Catedral para prender uma organização criminosa que domina o jogo do bicho na região da Central do Brasil, em partes do Centro e no bairro de São Cristóvão. 

Além dos contraventores, serão detidos nove policiais (civis e militares, cinco deles na ativa) envolvidos num esquema que pagava propina de R$ 30 mil mensais a policiais. Entre os 24 criminosos que têm mandado de prisão expedido pela Justiça, estão o contraventor do jogo do bicho Evandro Machado dos Santos (conhecido como “Bedeu”); seu filho Alessandro Ferreira dos Santos; o capitão chefe do Serviço Reservado (P2) do 5º Batalhão da Polícia Militar; o chefe do Setor de Investigações da 4ª Delegacia Policial; e dois sargentos da PM que são supervisores de graduados da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência.

A Operação Catedral é resultado de sete meses de investigação da Ssinte e conta com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO-IE), da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público, das corregedorias das Polícias Civil e Militar e da Corregedoria Geral Unificada (CGU) da Seseg. 

Ao todo, foram expedidos 24 mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão. Entre os locais que sofrerão busca e apreensão está a Central de Apuração de Resultados do Jogo do Bicho, que fica na Rua Senador Dantas, no Centro do Rio. Os presos foram indiciados e denunciados por exploração do jogo do bicho, formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva e violação de sigilo funcional.

Funcionamento da organização criminosa

De acordo com as investigações, o grupo comandado pelo contraventor “Bedeu” detinha o domínio do jogo do bicho em grande parte do Centro (Central, ruas Uruguaiana e Rosário e Largo da Carioca) e de São Cristóvão, comprovando a divisão territorial existente entre os diversos grupos integrantes da chamada “máfia da contravenção” na cidade do Rio de Janeiro.

As investigações comprovaram que a atividade criminosa desenvolvida contava com uma complexa rede de integrantes que integravam uma bem montada estrutura de divisão de tarefas. Funcionando como uma empresa do crime, a organização tinha divisões financeira e administrativa e assessoria jurídica externa. Com um faturamento mensal em torno de R$ 170 mil, a organização criminosa fazia pagamentos de cerca de R$ 30 mil em propinas para os policiais civis e militares envolvidos.

O primeiro envolvimento de policiais com o jogo do bicho na região da Central foi identificado em 2006, culminando com a expulsão, dos quadros da Polícia Civil, da delegada titular da 4ª DP, acusada de envolvimento com a contravenção e prática do crime de tortura a mando de contraventores, de acordo com investigações da CGU.

A atual organização criminosa contava também com policiais em seu corpo de seguranças, os quais, além da proteção dos pontos de exploração da jogatina ilegal e da segurança dos chefes da organização, eram responsáveis pelo vazamento de informações relativas a operações policiais que seriam realizadas pelos órgãos de segurança do Estado.

Comandando a quadrilha com mãos de ferro, “Bedeu” e seu filho Alessandro ostentavam estilo de vida de alto padrão, morando em mansões em área nobre da cidade, com carros importados e até um iate. Os monitoramentos da Ssinte apontaram ainda ligações entre diversas famílias de contraventores no Rio de Janeiro, a divisão territorial dos pontos de exploração dos jogos ilegais na cidade e o estreito relacionamento entre as organizações.

Os 30 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em residências e em escritórios da organização. Ao longo da apuração, a SSINTE deteve outros 25 membros da organização criminosa, que funcionavam como anotadores/apontadores de apostas (conhecidos como “aranhas”) nos pontos de exploração do jogo ilegal.