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Movimento grevista perde força no Rio

Servidores alegam volume de assembleias e contracheque de agosto zerado

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Estava marcada para hoje(21) uma manifestação de servidores públicos federais na Candelária, às 10h. A movimentação, no entanto, foi minúscula, e os trabalhadores nem saíram em passeata pela Avenida Rio Branco, como originalmente estava planejado. É um claro sinal de enfraquecimento do movimento grevista.

Se a manifestação realizada no dia 9 de agosto reuniu mais de 3000 pessoas e parou o trânsito no centro da cidade, o clima do ato realizado hoje foi bem menos empolgante. Era nítida a frustração dos dirigentes do sindicato organizador da manifestação. Após uma hora e meia de espera por mais categorias de servidores, a passeata pela Rio Branco foi cancelada.

Entre os motivos alegados pela representação sindical para o baixo quórum, estava o grande número de assembleias de trabalhadores marcadas para hoje(21), que acabaram desfalcando o ato na Candelária. Entre as categorias, uma ausência sentida foi a das  instituições federais de ensino.

Havia uma informação importante questão levantada pelos manifestantes: o Ministério do Planejamento cortou o ponto de todos os dias não trabalhados em agosto pelos grevistas, como ficou estabelecido no site do ministério, ao qual todos os servidores tiveram acesso na madrugada do dia 21.

" Isso com certeza amedrontou muita gente. Muitos devem ter ficado desesperados para não perder o emprego", contou Leonardo Martins, servidor do Arquivo Nacional, a entidade com mais trabalhadores presentes na Candelária, com cerca de 70 pessoas.

O Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Rio de Janeiro pretende entrar com uma nota técnica, contestando o corte dos pontos de todo o mês de agosto. Segundo o Secretário-Geral do Sindicato dos Servidores Federais, Otton Pereira, há um impedimento para que ocorra o corte integral dos vencimentos.

"O corte máximo de pontos do mês de greve seria de 7 dias. No dia 15 de agosto, a nota técnica do próprio Ministério do Planejamento, que instituía isso, foi revogada e decretado o corte integral dos pontos. A lei diz que não se pode mudar uma lei retroativamente em caso de prejuízo ao cidadão. Vamos em busca dessa reparação", declarou Pereira.

Segundo a assessoria do Ministério do Planejamento, todos os dias de paralisação serão descontados do contracheque dos trabalhadores. De acordo com o órgão, o parcelamento desse corte ao longo dos meses será feito na mesa de negociações, e só depois do retorno desses trabalhadores às suas atividades.

Contracheque zerado

E.L foi um dos que recebeu a prévia do contracheque do mês de agosto. Ao invés dos R$ 7.022,96 que deveria receber, o valor final foi de R$ 0. Em greve desde o dia 3 de julho, L. estava cético quanto a esse tipo de atitude do governo:

" Não esperava que eles pudessem fazer isso. Foi realmente um choque, uma indignação muito grande. Minha mulher está grávida, tenho família, casa, condomínio para pagar. Como vou dar conta de tudo isso sem receber? Daqui a pouco não vou ter nem como comer", lamenta o servidor.