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Professores de História racham movimento grevista da UFRJ

Eles foram chamados de fura greve e de pelegos por alunos e colegas

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Chamados de 'pelegos' e 'fura-greve' por alunos e colegas, depois que decidiram voltar às salas de aula, os professores do Instituto de História (IH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vão comparecer à assembleia geral do movimento grevista para defender seu ponto de vista. O encontro está marcado para 13h desta sexta-feira (17), no auditório do Quinhentão, no Centro de Ciências da Saúde, campus da Ilha do Fundão.

Os docentes decidiram retomar as atividades depois que o Governo Federal encerrou as negociações, após a assinatura de um acordo com a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes). 

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) protocolou hoje (16), no Palácio do Planalto, carta dirigida à presidenta Dilma Rousseff pedindo reabertura imediata das negociações com os docentes em greve. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria-Geral da Presidência da República confirmou que o documento foi entregue e encaminhado ao gabinete da Presidência da República e aos ministérios da Educação (MEC) e do Planejamento.

Apesar de não considerar a proposta do Governo Federal a ideal, o titular da cadeira de História Contemporânea, Francisco Teixeira, afirmou que o movimento grevista perdeu o sentido. Segundo ele, que voltou a lecionar na segunda-feira (13), 85% dos alunos têm frequentado suas aulas.

"O movimento tonou-se um palanque político partidário. A proposta não é a melhor do mundo, mas é o que temos, o momento do país é esse. Em vez de voltar ao trabalho, as pessoas querem mudar a política econômica de Dilma", afirmou. "Espero que a assembleia de amanhã realmente decida pelo fim da greve. Reunir-se apenas para 'avaliar' o movimento é perda de tempo".

Responsável pelas aulas de História Moderna, Carlos Ziller justificou a retomada de atividades.

"Não condeno quem se posiciona pela greve. Acho, inclusive, que um acordo que vai ser cumprido em três anos, e respinga no próximo governo, é sujo. Porém, os estudantes, cuja atividade nos define, não podem mais ser prejudicados", disse Ziller sobre a paralisação que já dura 92 dias. "Apesar da suspensão do calendário, aplicaremos provas, aulas e faltas, sem que haja prejuízo aos que aderiram  à greve".

Professora de História da América, Lise Sedrez, que segue sem dar aulas, disse que não sentiu-se pressionada pela decisão dos colegas.

"O respeito foi total, desde o início. Mas fui obrigada a discordar por achar que a decisão deve sair da assembleia geral", disse. "Porém, caso a liderança insista em assembleias apenas para avaliar o movimento, sem tomar medidas pelo fim, ou intensificação das atividades de greve, voltarei às salas de aula".

Servidores federais paralisados

Os policiais federais de todo o País iniciaram nesta quinta-feira a Operação Blackout, que   desencadeia uma série de operações-padrão em portos, aeroportos e em fronteiras de todos os estados do Brasil. 

O Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, registrou filas e atrasos em função de operação-padrão iniciada às 6h30. Já o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba registrou superlotação e a operação teve que ser finalizada. A PF afirma que o Aeroporto Eurico de Aguiar, no Espírito Santo, também contou com operação durante esta manhã. No Rio de Janeiro, a operação-padrão não influiu em filas ou atrasos.

Em São Paulo, a movimentação causou filas no embarque internacional do Aeroporto Internacional de Guarulhos no final da tarde de hoje (16). Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), apesar dos pousos e decolagens terem ocorrido dentro do normal, a manifestação dos policiais aumentou o tempo de espera dos passageiros. 

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (16) que situações de ilegalidade foram identificadas durante a greve de policiais federais no país.  Os casos serão analisados e os envolvidos podem ser punidos com medidas disciplinares e judiciais. Segundo Cardozo, os abusos foram identificados em aeroportos e estradas, onde os grevistas fazem as chamadas operações-padrão.

“Temos situações que ultrapassaram o limite da legalidade em alguns casos, na semana passada, quando, por exemplo, pessoa aposentada foi a uma unidade de polícia para exercer uma função que não lhe cabe. Isso é, obviamente, uma ilegalidade”, disse.

O ministro do Trabalho, Brizola Neto, disse nesta quinta-feira que a partir da próxima semana deverá haver maior entendimento entre o governo e os servidores públicos em greve há dois meses.

"O governo está atento e é fundamental entender que começou a formular propostas concretas, como foi feito com o setor da educação. A tendência natural agora é os movimentos irem perdendo força à medida em que forem produzidos acordos", explicou o ministro.

Ameaça

A advocacia pública federal pode ser a próxima categoria do funcionalismo público a entrar em greve nos próximos dias. As associações e sindicatos que representam a categoria farão consultas e assembleias até o início da próxima semana para decidir contra ou a favor da paralisação. Caso os profissionais optem por cruzar os braços, a greve deve começar na quarta-feira (22). 

Menos que o esperado

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confirmou hoje (16) que o governo estuda desembolsar pelo menos R$ 12 bilhões para reajustes dos servidores federais em greve.

“Esse é um número inicial. Pode sofrer alteração, porque vamos ter uma negociação longa com o funcionalismo, carreira por carreira. O Ministério do Planejamento é quem está cuidando desse tema”, disse Carvalho.

O número está bem abaixo dos R$ 92,2 bilhões necessários para atender a todas as demandas de reajuste dos servidores, segundo cálculo do Ministério do Planejamento.