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No aniversário de 75 anos da UNE, começa a ser erguida nova sede 

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O início das obras da nova sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi comemorada neste sábado (11), data que marca também o aniversário de 75 anos da entidade. O novo prédio contará com uma área projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e será erguido no mesmo terreno onde funcionava a organização estudantil que, em 1964, durante a ditadura militar, teve o prédio incendiado, e em 1981, demolido.

O terreno dará lugar a um Centro Cultural com teatro, museu, dois cinemas - um deles dedicado a produções nacionais -, livraria, espaço multiuso e um café. A intenção é transformar o espaço em um centro artístico e intelectual, além de resgatar o Centro Popular de Cultura (CPC), que nos anos 60 reunia nomes como Vinicius de Moraes, Cartola e Cacá Diegues.

Os recursos para a consturção do novo prédio vêm da indenização de R$ 30 milhões paga à UNE por conta dos crimes sofridos durante o regime militar. A entidade foi a primeira pessoa jurídica indenizada no Brasil por conta dos crimes da ditadura. O presidente da UNE, Daniel Iliescu, comemorou a construção da nova sede.

"É de arrepiar. Esse espaço significa muito para a cultura, literatura e política do Brasil. Daqui saíram as principais campanhas nacionais, como a do 'Petróleo é Nosso'. Não à toa foi o primeiro lugar destruído pela ditadura militar", conta Iliescu. 

Com 96 anos, o fundador da UNE, Irum Sant’Ana, era um dos homenageados e estava presente na comemoração. Ele conta que ao criarem a organização, em 1937, seus sonhos para a entidade eram pequenos perto do que a UNE veio a ser.

"Meus sonho era pequeno perto do que veio a ser. A UNE, quando fundamos, foi a realização concreta daquilo que nós queríamos: uma organização que uniu e dirigiu os estudantes democraticamente com um programa nacional libertador", relembra. 

Irum, entretanto, criticou o enfraquecimento dos movimentos estudantis no país

"Está muito, muito fraco. O Brasil está há anos sem dar um passo realmente à frente porque falta vontade das classes políticas no país. Os estudantes deveriam ter o papel que tiveram entre 30 e 40, quando brigavam por melhorias para o país e para os estudantes", conclui.

Reportagem: Renan Almeida