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Indignação e tristeza no enterro da menina Bruna, vítima de bala perdida 

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Em clima de tristeza e indignação, foi enterrado neste sábado o corpo da menina Bruna da Silva Ribeiro, de 11 anos, atingida por uma bala perdida durante operação do Bope na tarde de sexta-feira,(27) na comunidade da Quitandinha, em Costa Barros, Zona Norte do Rio. Durante o cortejo, amigos e familiares carregavam faixas pedindo justiça e o fim das operações com o ‘caveirão’, para eles, sinônimo de violência.

Centenas de pessoas estiveram  presentes no cemitério do Caju, Zona Portuaria do Rio, para o velório da estudante. A mãe de Bruna, Anaísa da Silva, estava muito emocionada durante toda a cerimônia e buscava amparo em seus outros filhos. Já o pai, Ademir Ribeiro, estava mais sereno e aparentava ainda não acreditar na fatalidade.

“Nenhum pai espera isso. É uma tristeza que vai ficar no coração. Para mim ela está viva, só o corpo que está indo embora.”

No único momento que falou à imprensa, a mãe de Bruna criticou a violência que, segundo ela, segue fazendo vítimas inocentes nas favelas cariocas.

“Mais uma criança, mais um tiroteio, mais um policial, mais um. No final é só mais um. É preciso se preocupar com medidas sociais, não só em levar o caveirão”, desabafou.


Polícia Militar lamenta morte                                                                                                                                                

A Polícia Militar divulgou nota nesta sexta-feira (27) lamentando a morte de Bruna. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a menina foi baleada no abdômen e levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Costa Barros, sendo transferida para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas não resistiu. 

A Polícia Civil recolheu as armas do policiais que participaram da operação para investigação. Oficiais do Bope acreditam que a menina tenha sido atingida por traficantes. 

A operação  

Em nota, a Polícia Militar informou que a operação do Bope foi feita depois que moradores denunciaram "a presença de lideranças do tráfico" que poderiam estar envolvidos com o ataque a UPP de Nova Brasília, no Complexo do Alemão, que acabou na morte de uma soldado. Ainda segundo a PM, Bruna se assustou com os tiros, se separou da mãe e foi atingida ao atravessar a rua. A mãe pediu ajuda aos policiais para socorrê-la, informou a instituição. A PM informou que "vai investigar todas as possibilidades". 

Leia na íntegra a nota oficial da Polícia Militar:

"A Corporação manifesta o seu pesar com o falecimento da menina Bruna da Silva Ribeiro, de 11 anos, atingida por um tiro nas proximidades da comunidade da Quitanda, em Costa Barros. Umacorporação que prima pela proteção à vida não poderia ficar insensível à perda de uma criança, ainda mais na mesma semana em que também foi vítima a soldado Fabiana, primeira mulher a morrer num confronto na história da PM.

O comando da PM determinou o acompanhamento dos parentes de Bruna no hospital e o envio, por fdo Grupamento Aéreo, de bolsas de sangue para transfusão. Os fsforços se somaram ao que o Bope - cumprindo a obrigação de policiais - já havia feito, resgatando Brunaainda com vida do tiroteio. O Bope abriu averiguação sumária.

Apesar da tristeza pela perda de Bruna, a PM reafirma sua confiança na política de pacificação das comunidades e no trabalho incessante, para que casos como o desta sexta-feira façam parte do passado. O processo de pacificação é contínuo e exigirá muita dedicação das forças de segurança. A PM continuará empenhada em tirar as armas das mãos de criminosos irresponsáveis."

Apuração: Renan de Almeida