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Iaserj: Côrtes nega que transferência de pacientes tenha sido feita às pressas

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O secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes, negou nesta segunda-feira que a transferência de pacientes do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj), na Avenida Henrique Valadares, Centro do Rio, realizada na noite do último sábado, tenha sido feita de forma apressada, a ponto de colocar pacientes em risco. "Já havíamos detectado troca de mensagens nas redes sociais e de panfletos por parte de servidores marcando manifestações. Decidimos fazer a transferência desta forma para preservar os pacientes. Nada foi feito às pressas", disse o secretário.

O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) informou que vai abrir uma sindicância para investigar a remoção dos pacientes internados na unidade e pretende ouvir a comissão de ética do hospital no intuito de apurar se houve delitos éticos. O Cremerj quer saber como foi feita a remoção, se houve comunicação com os familiares dos pacientes e se houve risco durante a remoção.

As transferências, tão logo liberadas pela Justiça, começaram a ser feitas de forma pouco usual na noite de sábado, debaixo inclusive de escolta do Batalhão de Choque. De acordo com médicos, estas transferências provocarão desperdícios. Serão perdidos, por exemplo, 16 leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) criados há apenas quatro anos.

"Tudo foi feito de forma programada, seguindo orientações da Justiça. O tema foi discutido amplamente, com diversas audiências públicas. A transferência dos serviços seguiu um cronograma, e o material e os equipamentos estão sendo levados para outras unidades. A transferência dos pacientes foi feita de forma segura e sem nenhuma intercorrência"

>> Transferência coloca em risco os pacientes do Iaserj, dizem servidores

>> Batalhão de Choque cerca o Iaserj e pacientes são transferidos 

Côrtes fez questão de destacar, contudo, que a Secretaria de Saúde do Estado já tinha pedido ao Iaserj a relação dos contatos dos familiares dos pacientes, frisando que eles foram avisados antecipadamente das remoções e até foram levados para conhecer o Hospital Getúlio Vargas, para onde alguns internos foram transferidos. "Como houve demora na entrega dos contatos dos familiares, o pessoal da Assistência Social da própria secretaria buscou nos arquivos as informações. Demos toda a assistência aos familiares".

Ainda de acordo com o secretário, nove pacientes continuam no Iaserj: um que está em estado gravíssimo e aguarda melhora no quadro e oito do Instituto de Infectologia serão transferidos para o Hospital dos Servidores do Estado.

Côrtes acrescentou que o atendimento ambulatorial que era feito no Iaserj da Avenida Henrique Valadares será transferido para a unidade do Maracanã, que foi reformada, mas somente na próxima segunda-feira, dia 23. Enquanto isso, quem tem consulta marcada será procurado pela Secretaria de Saúde para remarcá-la.

O Hospital Eduardo Rabelo, em Campo Grande, também do Iaserj, foi reformada. A unidade passou a ter 120 leitos, antes tinha 30 e foi citada por Côrtes como referência no tratamento do idoso no Rio de Janeiro.

Segundo a secretaria estadual de Saúde, 31 pacientes de enfermarias e do pronto-atendimento do Iaserj foram levados para os hospitais estaduais Albert Scweitzer, em Realengo, na Zona Oeste; Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no subúrbio; Eduardo Rabelo, em Campo Grande, na Zona Oeste; Melchiades Calazans, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e São Francisco de Assis, na Tijuca, Zona Norte.

De acordo com o diretor do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Luiz Santini, a necessidade de se criar um centro de estudos do câncer surgiu devido a um aumento da demanda por tratamento de câncer no Rio de Janeiro. Além disso, a secretaria de Saúde alega que o servidor do Estado não contribuía desde 1999 com a manutenção do Iaserj.

O novo Campus Integrado do Inca receberá um investimento de R$ 500 milhões para ampliar a assistência e a pesquisa do câncer no Rio de Janeiro. O novo centro aumentará a capacidade de internação em 22% e ainda reunirá assistência, ensino, pesquisa e informação epidemiológica.

Transferência

Por volta das 21 horas de sábado, policiais militares do Batalhão de Choque começaram a ocupar os arredores do Iaserj, no centro da cidade, para o início da remoção. A unidade dará lugar a uma ampliação do Instituto Nacional do Câncer que, segundo a secretaria, terá 438 leitos de internação, sendo 90 de terapia intensiva, e 118 consultórios de atendimento ambulatorial. O terreno do Hospital Central do Iaserj foi cedido ao Instituto Nacional de Câncer em 2008.