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Demolição do Velódromo esconde uma especulação imobiliária, diz César Maia

Área onde está equipamento esportivo pode ser incorporada pela iniciativa privada

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A crescente especulação imobiliária na região da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, seria a causa da opção pela demolição do Velódromo do Rio de Janeiro, anunciada semana passada. A declaração do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), feita em seu ex-blog, sobre o destino do espaço, cuja construção custou R$ 14 milhões, traz ainda mais polêmica ao assunto. 

Segundo a Empresa Olímpica Municipal, o Velódromo - construído para os Jogos PanAmericanos de 2007 - poderá ser demolido por não estar de acordo com as exigências técnicas do Comitê Olímpico Internacional. 

O cerne da questão são duas pilastras centrais. Elas impedem a visão total da pista pelos árbitros. Isto prejudicaria a homologação de possíveis recordes. Também reduzem o numero de assistentes na plateia para apenas 1500 pessoas, quando o recomendado são 6000.  

De acordo com Cesar Maia, há interesse da iniciativa privada (mais especificamente do Consórcio Parque Olímpico 2016, formado pelas construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken) em construir "espigões" no terreno onde está localizado o Velódromo. Ainda de acordo com o político, a área está estimada em pelo menos R$ 350 milhões. A informação não foi confirmada pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos. 

No último domingo (15), o prefeito Eduardo Paes defendeu, no Twitter, um plano de adaptação do espaço para evitar sua demolição:

"A tese de que o velódromo já existente e construído para os jogos panamericanos deva ser demolido não dá para ser admitida. Tenho certeza que a Federação Internacional de Ciclismo, a Federação do Rio e o Comitê Olímpico terão condições de propor adaptações ao Comitê Organizador dos jogos que não seja a simples demolição de algo construído com recursos públicos", escreveu o candidato à reeleição no microblog.

Como é possível ver no mapa do projeto do Parque Olímpico (Clique aqui), a demolição do Velódromo permitiria colocar à disposição do Consórcio Parque Olímpico 2016, liderado pela construtora Odebrecht, diversas áreas contíguas: a área 7, onde está o prédio que querem destruir, a número 24 que dará lugar à "Vila da Consciência Ambiental" e a 25, da "Vila dos Patrocinadores". 

Procurado pelo Jornal do Brasil, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 informou que desde a candidatura da cidade do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016 já se previa uma reforma completa do Velódromo, com o objetivo de atender às exigências da União Ciclística Internacional para os Jogos Olímpicos. Depois das reações ao anúncio das demolições, houve um certo recuo: dizem que a opção pela derrubada do que existe ainda está sendo analisada pelo Comitê e a Prefeitura. 

A Empresa Olímpica Municipal informou, por sua vez, que a parceria público privada entre a Prefeitura e o Consórcio Parque Olímpico 2016, firmada no início deste ano, dá o direito das empresas do consórcio explorarem 75% da área de 1,18 milhão de metros quadrado do Parque Olímpico. Depois dos Jogos, o lugar será transformado num grande bairro. É o que leva Maia a dizer que a especulação imobiliária se esconde por detrás da demolição. Os prédios construídos para os Jogos, depois terão exploração comercial.

Os outros 25% do espaço serão administrados pelo governo federal. As empresas do consórcio vão arcar com o custo de R$ 1,350 bilhão das obras do parque, em contrapartida, a Prefeitura cederá a área hoje avaliada em R$ 850 milhões para ser usada pelo grupo durante 15 anos. 

Segundo a Empresa Olímpica Municipal, as obras incluem ainda a infraestrutura da Vila dos Atletas e do Parque Carioca (para onde seriam removidos os moradores da comunidade Vila Autódromo, na Estrada dos Bandeirantes), bem como a construção de um hotel de 400 quartos, do Centro Principal de Mídia e de três pavilhões que constituirão o futuro Centro Olímpico de Treinamento para atletas de alto rendimento.