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Comandante de UPPs desconversa sobre  desvio de conduta de PMs

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Apesar dos últimos casos de corrupção envolvendo policiais de Unidades de Polícia Pacificadora, o comandante das UPPs, coronel Rogério Seabra, nega preocupação do Comando de Polícia Pacificadora com desvios de conduta dos policiais que assumem esta semana a maior área já pacificada pelas forças de segurança do estado do Rio de Janeiro: o Complexo do Alemão, na Zona Norte. O conjunto de favelas tem população de cerca de 40 mil habitantes. 

Rogério Seabra participou ao lado do governador Sérgio Cabral e do secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame da inauguração de duas UPPs no Alemão. Ao todo, a região vai contar com seis unidades.

Em setembro do ano passado, o primeiro grande caso de corrupção envolvendo novos policiais foi descoberto nas comunidades Fallet, Coroa e Fogueteiro, região central da cidade. Naquela região, um grupo de PMs recebia mais de R$ 50 mil por mês para liberar a venda de drogas. O incentivo criminoso ficou batizado de "mensalão do tráfico" e manchou a imagem do novo grupo PMs especialmente treinados para a tarefa. Eles recebem  gratificação de R$ 500: uma espécie de mecanismo para evitar a corrupção nas unidades.

O mesmo aconteceu em fevereiro deste ano quando agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRF) da Polícia Federal prenderam 11 pessoas envolvidas com o tráfico de drogas no Morro do São Carlos, no Estácio. Entre elas o ex-comandante da UPP local. 

No mês passado, doze policiais da UPP da Mangueira (que também atende ao vizinho Morro do Tuiuti) - instalados ali em novembro de 2011 - foram presos administrativamente no 4º BPM (São Cristóvão). Os PMs são suspeitos de extorquir um traficante da região para não levar o caso à delegacia. Mais um episódio que confirma falhas nas novas fileiras da PM.

Para o coronel Rogério Seabra, a fiscalização iniciada pelo Comando de Polícia Pacificadora depois da descoberta da cadeia de corrupção no Morro do Fallet, com visitas periódicas às sedes das UPPs, é suficiente para coibir os desvios.

"O programa Comando de Polícia Pacificadora nas UPPs serve exatamente para coibir qualquer problema. Mas o mais importante do processo de pacificação não são os pequenos problemas com a tropa.  É o anseio social das áreas pacificadas. Há uma carência de projetos nestas áreas. Carência também de transportes. Isso sim merece a atenção da imprensa e do Comando de Polícia Pacificadora", esquivou-se. 

Seabra falou ainda sobre a importância do diálogo com os moradores para garantir o êxito do processo de pacificação:

"Os comandantes das UPPs do Alemão já estão cientes da necessidade de estabelecer um diálogo contínuo com a população. No Fallet, por exemplo, não existe uma ONG sequer. Por que será? Certamente não é questão de polícia. Se não cuidarmos do social, de nada vai adiantar o resto", destacou o oficial.