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Sob protestos e vaia, Dilma inaugura hospital ao lado de Paes e Cabral

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Foi sob protestos e vaias de enfermeiros e servidores federais que a presidente Dilma Roussef inaugurou a Coordenação de Emergência Regional (CER) Nova Monteiro, ao lado do Hospital Miguel Couto, na Gávea, nesta sexta-feira (6). Ela esteve acompanhada do prefeito Eduardo Paes e do governador do estado Sérgio Cabral. 

As vaias e protestos não foram o único inconveniente a atrapalhar a visita da presidente. O elevador em que ela estava com políticos e assessores parou de funcionar. Ela não ficou presa, mas teve que subir escadas para conhecer todas as acomodações na nova Coordenação.

A passagem dela pelo hospital foi relâmpago, sempre guiada por Cabral e Paes. Depois de alguns cumprimentos, os três descortinaram a placa de fundação sob aplauso de um público selecionado, não mais do que 30 pessoas.

Em relação às manifestações que aconteciam na porta do local, Dilma foi breve. "Estamos em uma democracia, o que vocês esperam?", indagou.  

Do lado de fora, embalados por gritos como "Saúde na rua, Dilma a culpa é sua!", enfermeiros do Hospital de Ipanema cobravam ações na área de saúde, como aumento salarial e fixação de carga horária em 30 horas, no caso dos servidores federais.

Mas outra das queixas dizia respeito à situação da saúde no estado e na cidade. Os manifestantes protestavam contra a "privatização da saúde pública", através das Organizações Sociais, que já gerenciam grande parte dos hospitais e postos de saúde da cidade, contou Mônica Armada, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Rio (SindenfRJ). 

"Elimina-se assim, a necessidade de novos funcionários públicos, que o estado vê como prejuízo", disse. Referindo-se aos servidores federais ela  explicou que "a classe têm o pior salário de todos os funcionários federais". 

A técnica de enfermagem Renata Araújo reclamou também que os médicos recebem privilégios das gestões. "Nós somos menosprezados, os médicos faltam, trabalham no máximo 10 horas semanais. Mesmo assim eles querem instaurar o ponto eletrônico apenas para a gente. Se não é para todo mundo, não é para ninguém", protestou. Ao lado da colega de ofício, a enfermeira Bárbara Soares ainda lembrou que "metade dos nossos salários são de gratificações. Ou seja, se resolvermos nos aposentar, perdemos este valor". 

Estudantes estaduais, professores universitários, do Colégio Pedro II e dois diretores da Associação do SAMU 192, representando os servidores que prestam socorros nas ruas, também estiverem no local.

"Queremos cobrar da presidente todas as promessas de campanha, de investimento e valorização da educação e saúde como elementos estratégicos para o país", afirmou o professor Eduardo Coutinho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou do evento, contou que a presidenta também comentou os protestos com ele, afirmando que “o governo respeita a manifestação de trabalhadores e das organizações sindicais, o que faz parte do processo de negociação”.

Coordenação de Emergência Regional Nova Monteiro 

A inauguração da Nova Monteiro vai funcionar ao lado do Hospital Miguel Couto, um dos mais movimentos da cidade. Segundo a secretaria de saúde, o empreendimento deverá aumentar em mais 57 leitos a capacidade do hospital, sendo 34 deles na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Esta é a terceira CER da cidade. Até o final do ano, serão inauguradas mais duas, na zona norte e na Barra da Tijuca.