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Fogo no almoxarifado revela falta de estrutura no Hospital Pedro Ernesto

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O incêndio no almoxarifado do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da UERJ, não lançou apenas fumaça e fuligem sobre a unidade. Problemas graves de falta de estrutura, equipamentos e até comida também vieram à tona e evidenciaram a precariedade dos serviços prestados.

O fogo começou às 5H30 desta quarta-feira (4), no almoxarifado do prédio que fica no Boulevard Vinte e Oito de Setembro, em Vila Isabel, zona Norte do Rio. 

Residentes e funcionários aproveitaram a presença dos jornalistas para denunciar as péssimas condições do hospital. Garantiram que o atendimento a pacientes continua a ser feito muito mais por causa da dedicação pessoal dos servidores do que pelas condições de trabalho. 

"Parece que o governo não sabe o que acontece aqui. O centro cirúrgico tem vinte salas, mas só oito funcionam. O resto está em obras há quatro anos. A situação é insustentável. Estamos aprendendo de forma errada. Por este ser o único hospital universitário do estado, tinha que ser mais bem cuidado", queixou-se a residente de cirurgia geral, Flavia Nobre, de 26 anos.

O desconhecimento não seria apenas do governo, como suspeita Flavia. O reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves, admitiu à imprensa que desconhecia tanto a insatisfação dos residentes como algumas das queixas que eles apresentaram, como a falta de material para o trabalho. O reitor prometeu se reunir com os mesmos na segunda-feira (9/07)

Com relação ao centro cirúrgico, o reitor confirmou a interdição de algumas salas por obras que se arrastam há dois anos. Segundo ele, na verdade dez salas funcionam, e não oito como afirmou a residente.

Outro problema alvo das denúncias foi a cozinha da unidade. O residente de nutrição Thiago Cabral diz que parte dela está funcionando tendo em volta tapumes de madeira e vazamento de água pelo teto, fatores que podem prejudicar a qualidade da comida dos pacientes. Fala também da falta de comida e de utensílios.

"O teto está com mofo. Às vezes não consigo dar pão com manteiga para os pacientes. Uma vez nem faca tinha. O paciente teve que passar a manteiga com o dedo", reclama o residente de nutrição Thiago Cabral. "Vemos internos ficando desnutridos aqui. Pedimos até para eles trazerem comida de casa. A cozinha aqui é horrível".

A nutricionista Cintia Teixeira, servidora do HUPE, reforça as queixas. "Faltam serviços essenciais. O raio X não funciona e a cozinha precisa de obras". O residente em cirurgia geral Douglas Poschinger, de 27 anos, também destacou a falta de equipamentos, e reclamou ainda dos baixos salários. "A gente trabalha mesmo por paixão. Estaria ganhando melhor nem uma UPA."

O reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, confirmou os problemas na cozinha do hospital, mas garantiu que ela não está em funcionamento. O loca, segundo ele, está fechado, e as obras ainda estão em processo de licitação. Uma empresa foi contratada para fornecer comida aos pacientes.

"Não falta comida. Estamos em um processo de investimento gigantesco. Nos últimos quatro anos foram investidos R$ 50 milhões em equipamentos e obras em todo o hospital", disse.